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Membros de gangues fortemente armadas, que já controlaram a maior favela do Haiti como senhores da guerra, voltaram ao local depois que o terremoto de terça-feira (12) danificou a Penitenciária Nacional, permitindo que 3.000 detentos fugissem.

A pacificação de Cité Soleil foi uma das poucas vitórias do presidente René Préval desde que assumiu o cargo em 2006, até que o tremor devastasse Porto Príncipe.

"É natural que eles voltem para cá. Esse sempre foi o bastião deles", disse um policial haitiano na favela, que abriga mais de 300 mil pessoas.

Ele e outro policial, que pediram para não serem identificados porque não estão autorizados a falar sobre a volátil situação em Cité Soleil, disseram que gangues armadas famosas voltaram a marcar presença ali desde o terremoto.

Se violência em larga escala surgir aqui, em meio ao caos e saques que vêm crescendo a cada hora em Porto Príncipe, isso pode representar um grande desafio aos esforços para restabelecer a lei e a ordem na capital haitiana.

Os líderes das gangues de Cité Soleil são criminosos perigosos, que servem de inspiração para lendas urbanas e populares músicas rap haitianas. Montados em motos e brandindo fuzis e pistolas que podem ter sido tomadas dos guardas durante o terremoto, os membros das gangues incluem um assassino frio conhecido como "Blade".

O que se diz é que eles invadiram o Ministério da Justiça na manhã de sábado e queimaram o local para destruir quaisquer registros de suas prisões ou históricos criminosos.

Seja o que for que tenha acontecido dentro da prisão, o prédio não parece ter sido muito danificado pelo terremoto. Não havia corpos dentro e o único sinal de vida vinha de dois cães vira-latas dormindo dentro de uma cela.

Entre os 3.000 detentos que escaparam na terça-feira, muitos são violentos e com passado criminoso relacionado à Cité Soleil, uma favela que há muito tempo é um símbolo potente do país mais pobre das Américas.

"Eles saíram da prisão e agora estão por aí, roubando as pessoas", disse a moradora de Cité Soleil Elgin St. Louis, de 34 anos. "Eles passaram a noite passada toda atirando", acrescentou.

"Nós tememos a volta deles", disse outro morador, um jovem que disse se chamar Forrestal Champlain. "Eles estão armados, não têm moral alguma e podem fazer o que quiserem."

Apesar da oposição às gangues manifestada, o ressentimento ainda é alto em Cité Soleil, que foi um bastião de apoio ao ex-presidente populista Jean-Bertrand Aristide.

Várias casas do lugar ainda estão marcadas pelas batalhas entre as gangues e pacificadores das Nações Unidas, que estão no Haiti desde 2004 e estão foram usados por Préval para estabelecer o controle sobre Cité Soleil depois que assumiu o poder.

Mas um morador afirmou no sábado: "Préval não manda aqui. Ninguém está no comando aqui, exceto os chefes (das gangues)."

O comandante da polícia nacional do Haiti, Mario Andresol, tem uma opinião diferente, apesar de reconhecer que os criminosos que escaparam da cadeia representam um risco sério.

"Minha mensagem a todos esses bandidos armados que estão se aproveitar da situação é que vamos prendê-los como fizemos antes", disse Andresol, à Reuters.

"Estamos trabalhando para tomar as medidas apropriadas para combater esses criminosos", acrescentou.

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