• Carregando...

Leticia Xicay Solís, de 21 anos, se despediu nesta terça-feira das duas filhas, as siamesas Angela Leticia e Angela Corina, que nasceram unidas externamente pelo tórax e internamente pelo fígado e pela vesícula. As meninas - conhecidas como "Angelitas" e que têm um mês e 21 dias de vida - estão sendo preparadas para a intervenção cirúrgica que irá separá-las na quarta-feira, na Guatemala. Segundo os médicos, uma das meninas pode morrer por hipertensão pulmonar durante ou após a intervenção cirúrgica, devido a uma deformação em seu coração.

- O coração de Angela Corina só tem uma aurícula e um ventrículo. Devido a esta deformação, suas chances de sobreviver são quase nulas - afirmaram os médicos.

Apesar de o coração de Angela Leticia não apresentar nenhum problema, suas chances de sobrevivência são estimadas entre 31% e 50%, segundo os especialistas. Os pais das gêmeas siamesas guatemaltecas disseram confiar na ciência e "em um milagre" para que suas filhas sobrevivam à delicada operação. O pai, Guenseslao Pilou, disse acreditar que Deus guiará os médicos que farão a cirurgia de alto risco.

Nesta terça-feira, há menos de 24 horas do início da operação, um sacerdote católico e um pastor evangélico fizeram o batismo das meninas na sala de pediatria do hospital Roosevelt, onde será feita a operação.

- Eu confio na mão poderosa do Senhor, porque Ele vem primeiro - disse o pai das meninas. - Aqui estou com minha esposa, sentindo-me triste, mas confiando em Deus, que tudo pode. Me sinto feliz também porque amanhã minhas filhas serão operadas - acrescentou o pai, que ao lado da esposa, não perdeu as esperanças sobre o sucesso da operação.

No Hospital Roosevelt, um dos mais importantes da capital, tudo está pronto para o desafio médico. Os especialistas guatemaltecos que farão a separação com a assessoria de analistas do Miami Children's Hospital, dos EUA, também se uniram às orações, iniciadas ontem por um grupo de cidadãos de diferentes religiões, pedindo que um "milagre" salve as gêmeas.

- As orações ajudam. Todos nós vamos trabalhar acreditando em um milagre - disse Carlos Pérez, um dos 19 médicos que participarão da operação.

Javier Bolaños, um dos médicos responsáveis pela operação, advertiu que a operação será um grande desafio, pois o estado das gêmeas é delicado.

- Teremos que definir muitos aspectos no momento da cirurgia - afirmou.

Uma vez separadas, os especialistas reconstruirão a região torácica das gêmeas com próteses de pele artificial desenvolvidas com ácido poliglicólico e ácido polipropileno.

Em 1985, no hospital estadual San Juan de Dios, duas meninas unidas pelo tórax e pelo abdômen foram separadas por um grupo de médicos locais, mas não resistiram e morreram durante a cirurgia.

Em 25 de julho de 2001, Maria Teresa e Maria de Jesus, filhas de Wenceslao Quiej e de Alba Leticia Alvarez, nasceram unidas pela cabeça. O casal vivia na cidade de Santo Domingo Suchitepéquez, no litoral sul da Guatemala. A história das gêmeas, que ficaram conhecidas como "Las Mariítas", teve um final feliz. Após exaustivos estudos, os médicos do Hospital Mattel da Universidade da Califórnia, nos EUA, conseguiram separá-las com sucesso em 6 de agosto de 2002.

As meninas, que atualmente têm cinco anos, se recuperam lentamente e passam por processos especiais de reabilitação. Os analistas acreditam que elas possam ter uma vida normal.

A operação que vai separar "Las Angelitas" custará cerca de US$ 50 mil, obtidos através de doações. Entre os doadores está a primeira-dama da Guatemala, Wendy de Berger.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]