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O general servo-bósnio Ratko Mladic, preso na Sérvia após 15 anos foragido, será julgado em Haia por acusações de genocídio, e as autoridades europeias esperam a extradição dele dentro de no máximo 10 dias.

A prisão na quinta-feira de Mladic, o último dos três homens acusados de liderar uma limpeza étnica durante a guerra de 1992-95 na Bósnia, removeu um grande obstáculo para o outrora excluído Estado da Sérvia se candidatar a uma adesão à União Europeia.

"Em nome da República da Sérvia, posso anunciar a prisão de Ratko Mladic. O processo de extradição está em andamento", disse o presidente sérvio, Boris Tadic, a repórteres em Belgrado.

Mladic, acusado de orquestrar o cerco brutal de 43 meses à capital bósnia Sarajevo e pelo massacre de 8 mil homens e meninos muçulmanos na cidade de Srebrenica em julho de 1995, foi encontrado em uma casa de propriedade de um sobrinho.

"Mladic tinha duas armas carregadas que não usou. Ele cooperou e não resistiu à prisão", disse Rasim Ljajic, ministro sérvio a cargo da busca por criminosos de guerra fugitivos.

A televisão estatal sérvia mostrou um vídeo de Mladic, de 69 anos, sendo escoltado pela polícia para ser interrogado por um juiz no tribunal especial de crimes de guerra em Belgrado na quinta-feira. Usando um boné, ele caminhava lentamente e mancava.

"Mladic estava vestido com várias camadas de roupas, mal estava reconhecível, não atraía atenção. Estava pálido, como se não saísse de espaços confinados há muito tempo", disse Ljajic à TV sérvia.

O advogado de Mladic disse a repórteres mais tarde que o tribunal interrompeu o interrogatório porque seu cliente estava "em estado grave. Ele mal reage". Um funcionário descreveu o antes robusto general como um homem desorientado e aparentando cansaço.

"Um morto foi preso", diziam as manchetes de vários jornais sérvios nesta sexta-feira, com uma foto mostrando um Mladic pálido e enfraquecido.

O vice-promotor de crimes de guerra disse que o tribunal continuará a questionar o antigo general nesta sexta-feira.

Catherine Ashton, representante da política externa da União Europeia, disse esperar que Mladic seja extraditado para o Tribunal Criminal Internacional da ex-Iugoslávia, em Haia, dentro de nove a 10 dias.

Tadic confirmou que Mladic foi detido na Sérvia, que durante anos disse não conseguir encontrá-lo.

Se sua detenção extraiu um espinho de Belgrado, a revelação de que Mladic estava em território sérvio, como muitos suspeitavam, desperta questionamentos sobre como ele ludibriou a Justiça por tanto tempo.

Mladic, cujo Exército foi armado e financiado pelo falecido presidente sérvio Slobodan Milosevic, ainda é visto como herói por muitos sérvios. Milosevic morreu em 2006 enquanto era julgado em Haia por crimes de guerra.

"Isto retira um fardo pesado da Sérvia e vira uma página de nossa desafortunada história", declarou o presidente Tadic.

A prisão pode ter vindo tarde demais para julgar Mladic ao lado do ex-líder político servo-bósnio Radovan Karadzic, de acordo com a promotoria do tribunal da ex-Iugoslávia.

Mladic foi indiciado em 1995 juntamente com Karadzic, que foi detido em julho de 2008 e foi a julgamento em outubro de 2009. Os promotores inicialmente queriam julgar os dois, mas separaram os casos pouco antes do julgamento de Karadzic começar.

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