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Golpe de mestre. Assim pode ser descrito o retorno clandestino do presidente deposto Manuel Zelaya a Honduras. Foram dois dias de caminhada que começou na Nicarágua, se­­guiu por São Salvador e Gua­­temala, por onde entrou em Hon­­duras e dirigindo-se para Tegucigalpa, onde solicitou abrigo na Embaixada do Brasil, sendo recebido como hóspede.

A entrada do presidente no país incluiu aspectos estratégicos. Coincidiu com o início da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, momento de reunião de presidentes do mundo inteiro, o que permite um debate internacional e si­­multâneo sobre a situação de Honduras. A situação acabou indo parar no "colo" do presidente Obama, de quem se buscou a pressão dos EUA sobre o governo golpista, assim como desmontar a ação preparada pela Secretária de Estado Hillary Clinton de reforçar o papel de negociador do presidente Oscar Arias, da Costa Rica.

Além disso, Zelaya se apresentou na Embaixada do Brasil por ser um país com uma importante liderança política e econômica na América Latina, respeitada e ouvida pelas potências mundiais, e oferecendo ao Brasil a possibilidade de atuar como ator principal na negociação do conflito político de Honduras.

Para o Brasil, que até agora tem desenvolvido uma política exterior com prioridade na América do Sul, pode ser uma boa oportunidade de reforçar sua liderança regional, se conseguir administrar este conflito que parece sem solução e radicalizado.

A acolhida brasileira a Zelaya está dentro do marco do direito internacional, sempre respeitado pelo Brasil.

No entanto, o Brasil não atua sozinho nesta situação, pois tem um importante aliado que é a Organização dos Estados Ame­­ricanos, as Nações Unidas e todo o ambiente internacional que tem condenado o golpe desde o início. Para o presidente golpista de Honduras a situação é cada vez mais complicada. Antes, a origem do conflito estava fora das fronteiras. Agora, está dentro do país, contando com a proteção diplom ática do Brasil.

René Berardi é coordenador do Curso de Relações Internacionais da Facinter

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