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O presidente Dmitry Medvedev cumprimenta Putin, que ignorou protestos e registrou sua candidatura à Presidência | Mikhail Klimentyev/AFP
O presidente Dmitry Medvedev cumprimenta Putin, que ignorou protestos e registrou sua candidatura à Presidência| Foto: Mikhail Klimentyev/AFP

Relações internacionais

Críticas de europeus e EUA elevam tensão com Moscou

As relações entre a Rússia e os países ocidentais, já complicadas por diversos temas internacionais, se deterioraram ainda mais após a chuva de críticas europeias e norte-americanas às eleições legislativas russas e à repressão às manifestações da oposição.

Bloqueios russos na ONU em questões relacionadas à violência cometida pelas autoridades na Síria e ao projeto nuclear iraniano e ameaças do Kremlin de mobilizar mísseis em resposta ao escudo antimísseis da Otan na Europa são alguns dos contenciosos entre Moscou e as grandes capitais ocidentais que mostram como os conflitos se intensificaram nos últimos meses.

Desde domingo, a polêmica vitória do partido governista na Rússia vem aumentando estas tensões e os discursos de ambos os lados lembram o caráter tenso das relações entre o homem forte da Rússia, Vladimir Putin, e o ex-presidente americano George W. Bush.

"Podemos esperar nos próximos meses (até a eleição presidencial de março) declarações firmes dos russos em relação ao Ocidente", afirma o cientista político Evgueni Volk, que considera que "isso quer dizer que Moscou não cede às pressões estrangeiras". "Não se pode esperar nenhum avanço em casos como o do Irã e o da Síria", acrescentou.

Quando esperava-se que a chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton, fosse falar sobre o "relançamento" das relações Washington-Moscou prometida pelos presidentes Dmitri Medvedev e Barack Obama, não foi bem isso o que aconteceu. "O povo russo tem o direito a eleições justas, livres, transparentes e a dirigentes que sejam responsáveis perante ele", disse Hillary ao lado de seu colega russo, Serguei Lavrov.

A Europa não ficou para trás, e Paris insistiu no "respeito ao direito a se manifestar pacificamente" após as detenções de centenas de opositores efetuadas nos últimos dias.

A resposta russa foi forte: "Cuidem de seus assuntos". O Ministério das Relações Exteriores da Rússia considerou que "as críticas norte-americanas são inaceitáveis e Washington fará bem em evitar no futuro formular críticas hostis".

AFP

Diante das denúncias de fraude nas eleições parlamentares do último domingo, o ex-líder soviético Mikhail Gorbachev (1985-91) pediu ontem que as autoridades russas anulem os resultados e convoquem novo pleito.

Segundo ele, "a cada dia que passa, mais russos consideram que os resultados eleitorais não são limpos".

O Rússia Unida, partido do premiê Vladimir Putin, ganhou as eleições com quase 50% dos votos (15% a menos em relação a 2007). Segundo a oposição e observadores estrangeiros, as eleições foram marcadas por várias irregularidades.

"Os dirigentes do país devem admitir a ocorrência de fraudes, e que os resultados não refletem a vontade dos eleitores", disse Gorbachev à agência Interfax.

As reformas promovidas por Gorbachev, a Perestroika e a Glasnost, nos anos 1980, alteraram o curso da história ao acelerar o colapso da União Soviética e libertar o Leste Europeu. O ex-presidente e ganhador do prêmio Nobel da Paz, que costuma fazer críticas a Putin, é admirado no Ocidente, mas pouco respeitado pelos russos.

Manifestações

O "Movimento por eleições honestas" convocou ontem, por meio das redes sociais, um grande protesto para sábado em pleno centro de Moscou. Outro grupo, batizado "Contra o partido dos caloteiros e ladrões", convocou reuniões diárias. Vários líderes políticos se juntaram aos movimentos. Também foram marcados protestos em outras cidades do país.

As acusações de fraude levaram vários russos a protestarem nas duas principais cidades do país, Moscou e São Petersburgo. Na terça-feira, no segundo dia consecutivo de protestos, cerca de 800 pessoas foram violentamente detidas nas duas cidades pela polícia.

Entre os detidos, Alexei Nalva­­ny, blogueiro que denuncia a corrupção, e Ilia Yachin, líder do movimento opositor liberal Soli­­darnost, foram condenados a 15 dias de prisão por desobedecerem às forças de ordem.

Ontem, manifestantes saíram pelo terceiro dia às ruas de Moscou e São Petersburgo para contestar o pleito que deu maioria ao Rússia Unida, do premiê Putin.

O presidente da União dos Estudantes da Rússia, Artiom Khromov, denunciou que, em algumas universidades, jovens foram obrigados a votar no partido governista e agora são forçados a se manifestar a favor do governo.

Ontem, Putin registrou sua candidatura à Presidência.

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