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A ativista política Zeng Jinyan, ao lado de seu marido, o dissidente Hu Jia, em foto feita pouco antes da prisão dele, em 2008 | Frederic J. Brown/AFP
A ativista política Zeng Jinyan, ao lado de seu marido, o dissidente Hu Jia, em foto feita pouco antes da prisão dele, em 2008| Foto: Frederic J. Brown/AFP

Pequim - Um dos dissidentes chineses mais conhecidos, o defensor dos direitos humanos Hu Jia, de 37 anos, foi libertado ontem depois de ter passado três anos na prisão, dias depois da libertação de ou­­tro conhecido ativista, o artista plástico Ai Weiwei. "Após uma noite em claro, Hu Jia chegou em casa às 02h30 da manhã. Está tranquilo, muito feliz. Ele precisa descansar. Obrigada a todos", escreveu sua esposa, Zeng Ji­­nyan, também militante, em sua conta no Twitter.

Hu Jia foi condenado em abril de 2008, alguns meses antes da Olimpíada de Pequim, a três anos e meio de prisão por tentativa de subversão por causa de seus comentários publicados na internet e de entrevistas concedidas à imprensa estrangeira. Ele cumpriu quase toda a sua pena.

O dissidente entrou em rota de colisão com o governo comunista ao defender os doentes com aids, o meio ambiente e o movimento por democracia da Praça Tiananmen (da Paz Celestial). Hu, que recebeu do Parlamento Europeu em 2008 o prêmio Sa­­kharov pela Liberdade de Cons­­ciência e foi indicado para o No­­bel da Paz depois de sua condenação, é o segundo dissidente fa­­moso a ser libertado pelas autoridades chinesas nos últimos dias.

Na quarta-feira à noite, o artista Ai Weiwei foi libertado sob fiança, depois de quase três meses de confinamento e alguns dias antes da visita do primeiro-ministro Wen Jiabao ao Reino Unido e à Alemanha. Sua prisão ocorreu em meio à maior repressão contra a dissidência depois do Protesto na Praça da Paz Celes­­tial (1989), em um ambiente de convocações feitas na internet para que a população participasse das "manifestações de jasmim" nas principais cidades chinesas, inspiradas nas recentes revoltas em vários países árabes.

Cirrose

Como Ai Weiwei e outros dissidentes libertados recentemente, Hu Jia será submetido a restrições às liberdades de expressão e de movimento. Ele "será privado de seus direitos políticos durante um ano e não poderá se reunir com os meios de comunicação", disse sua esposa na semana passada no Twitter. "Durante esse período, vai tratar sua cirrose e cuidar de sua família", acrescentou.

O dissidente sofre de uma cirrose hepática, que piorou na prisão. Durante o período em que seu marido ficou preso, Zeng Jinyan criticou duramente em seu blog os tratamentos médicos inadequados que ele recebia, mas seus comentários tornaram-se mais brandos nos últimos meses, sinal das pressões exercidas sobre ela. O casal tem uma filha de três anos.

Não há informações detalhadas sobre as restrições impostas a Hu Jia. É impossível entrar em contato com ele ou com sua es­­posa por telefone e a polícia proíbe os jornalistas de se aproximarem do edifício em que moram, nas imediações de Pequim. Hu lutou contra as discriminações sofridas pelos doentes de aids na China e contra a degradação do meio ambiente.

Depois, foi o porta-voz de vá­­rios grupos de vítimas do abuso de poder das autoridades. Tanto ele como sua mulher passaram longos períodos detidos ou sob prisão domiciliar. "A China foi uma ditadura durante toda a sua história", declarou o dissidente em 2007. "Agora, acho que temos uma chance de trazer a democracia para este país pela primeira vez em 5.000 anos."

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