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O Governo colombiano e as Farc iniciaram nesta quinta-feira (28) uma nova rodada do diálogo de paz que nesta fase está centrado nas drogas e no narcotráfico, um "complexo problema" que, segundo a guerrilha, não é exclusivo da Colômbia e cuja solução depende da vontade da comunidade internacional.

A negociação que há mais de um ano tenta colocar fim ao conflito colombiano entra assim em uma nova fase, após os acordos parciais conquistados sobre a questão agrária e a participação política.

Agora, o tema da vez é o "problema das drogas ilícitas".

O Governo e a guerrilha tentarão conseguir consensos em questões como a substituição dos cultivos de coca, planos integrais de desenvolvimento nessas zonas, programas de prevenção de consumo e saúde pública e soluções para o fenômeno da produção e comercialização dos narcóticos.

Para as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o narcotráfico não é um "problema exclusivo" do país sul-americano, mas um flagelo internacional cuja solução "deve comprometer o conjunto das nações", segundo uma declaração lida perante a imprensa por seu número dois, "Ivan Márquez".

Sem mencionar ou assumir nessa declaração responsabilidade alguma das Farc no narcotráfico, a guerrilha lamentou que esse problema "permeou todo o tecido social colombiano, incluindo o Estado".

Mas "o fenômeno não é exclusivo de nosso país. Hoje em dia se reconhece que o dinheiro do narcotráfico e de outras atividades ilegais contaminaram todos os circuitos financeiros da economia mundial", acrescentou "Ivan Márquez", conhecido como Luciano Marín Arango.

As Farc sublinharam a diferença existente entre a folha de coca, que se consome no mundo andino para diminuir a fome e o cansaço, e a cocaína e consideraram "ilógico que para acabar com o problema do narcotráfico, é preciso erradicar uma planta que pode trazer benefícios à humanidade".

O grupo rebelde também reivindicou que as medidas punitivas contra o negócio do tráfico de drogas não recaiam nos elos mais débeis da cadeia como consumidores e camponeses, porque os principais beneficiados desse negócio ilegal "são os empórios financeiros do mundo".

Os guerrilheiros denunciaram, além disso, que o narcotráfico serviu "de desculpa para o intervencionismo de potências estrangeiras no conflito interno colombiano".

Por sua vez, a equipe negociadora do presidente Juan Manuel Santos enfrenta esta nova etapa dos diálogos de paz com o ânimo de chegar a acordos com a guerrilha que permitam "uma Colômbia sem coca".

Assim disse nesta quarta-feira na Colômbia o chefe negociador oficial, o ex-vice-presidente Humberto de la Calle, que como é habitual, não fez declarações à imprensa durante sua chegada ao Palácio de Convenções de Havana.

Uma das novidades da rodada foi a incorporação à mesa de diálogo de duas novas negociadoras do Governo: Paulina Rivero e Nigéria Rentería, que substituirão Luis Carlos Villegas, nomeado por Santos embaixador da Colômbia nos Estados Unidos.

O Governo colombiano acusou tradicionalmente as Farc de ter um papel protagonista em todos os elos do narcotráfico, mas a guerrilha afirma que sua participação no negócio se limita a cobrar um imposto aos cultivadores em suas zonas de influência.

O reatamento do diálogo colombiano se produz poucos dias antes da reunião que manterão em Washington o presidente da Colômbia com seu colega dos Estados Unidos, Barack Obama, que supostamente tratarão o tema da paz.

Os Estados Unidos, através do Plano Colômbia, investiu cerca de US$ 8 bilhões para erradicação cultivos ilegais e no combate dos narcotraficantes.

No novo ciclo de conversas de paz - o 17° desde que se iniciou o processo em novembro de 2012- as partes manterão a dinâmica de três rodadas de trabalho seguidas e uma de recesso, com a previsão de que esta rodada termine em 8 de dezembro, disseram fontes ligadas aos negociadores.

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