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Mais um ministro do recém-formado governo da Tunísia pediu demissão nesta terça-feira, minando as esperanças de que uma administração de união pudesse conter os distúrbios no país. Mais cedo, outros três ministros já haviam anunciado suas renúncias. Além disso, milhares de pessoas protestaram em várias cidades exigindo que os membros do antigo regime sejam excluídos da nova administração.

Os ministros que pediram demissão eram contrários ao presidente deposto Zine El Abidine Ben Ali, que comandou o país por 23 anos. Não está claro se as renúncias podem derrubar o governo, que tem 40 ministros no total. Houve confrontos no centro de Túnis por volta da hora em que as demissões foram anunciadas.

"Eu tenho medo que nossa revolução seja roubada de mim e de meu povo. O povo está pedindo liberdades e esse novo governo não é livre. Eles são os mesmos que oprimiram o povo por 22 anos", afirmou Ines Mawdud, uma estudante de 22 anos, que estava entre os manifestantes nesta terça. Membros do UGTT, o principal sindicato do país, querem a libertação de todos os líderes sindicais presos.

Além dos três ministros ligados ao UGTT, o ministro da Saúde, Mustapha Ben Jaafar, do partido oposicionista FDLT, também renunciou ao posto, disse o membro do partido Hedi Raddaoui. A ministra da Cultura, Moufida Tlatli, disse estar avaliando se renunciará, mas antes pretende consultar seus partidários.

O popular partido islâmico Ennahdha afirmou que não pretende concorrer nas eleições presidenciais no país e denunciou o novo governo como "de exclusão". Um porta-voz da sigla em Paris, Houcine Jaziri, disse que o partido tomará parte apenas nas eleições legislativas. "Não haverá transição democrática sem o Ennahdha", afirmou.

Mohamed Ghannouchi, que ocupa o cargo de primeiro-ministro desde 1999, disse que o governo de transição inclui ministros ligados a Ben Ali "porque nós precisamos deles nessa fase". Ele insistiu que os ministros têm "as mãos limpas" e "grande competência". Na segunda, Ghannouchi comprometeu-se a libertar presos políticos e retirar restrições a um importante grupo humanitário, a Liga Tunisiana pela Defesa dos Direitos Humanos. Ele disse que o governo iria criar três comissões para estudar a reforma política, investigar casos de corrupção e examinar abusos durante os recentes distúrbios.

O protestos que assolam a Tunísia desde dezembro prejudicam a indústria turística desse país mediterrâneo do norte africano. Hoje a operadora de turismo alemã TUI AG informou que cancelará todas suas partidas para a Tunísia até 15 de fevereiro. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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