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Egípcios residentes no Japão fizeram um protesto em frente à embaixada do Egito, em Tóquio. Eles repudiaram os episódios de violência no país | Toru Hanai/Reuters
Egípcios residentes no Japão fizeram um protesto em frente à embaixada do Egito, em Tóquio. Eles repudiaram os episódios de violência no país| Foto: Toru Hanai/Reuters

Política externa

União Europeia cobra liderança egípcia e pede fim da violência

A União Europeia irá "rever urgentemente" sua relação com o Egito, onde mais de 800 pessoas morreram em confrontos entre as forças de segurança e partidários do presidente destituído Mohammed Mursi. Em um raro comunicado conjunto de política externa, os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu disseram ser de responsabilidade do Exército e do governo interino por um fim à violência.

Os pedidos pela democracia e pelos direitos fundamentais "não podem ser descartados, muito menos serem jogados fora sobre o sangue" e "a violência e as mortes desses últimos dias não podem ser justificadas, tampouco toleradas", disseram o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.

Os ministros de relações exteriores da União Europeia devem realizar hoje uma reunião de emergência sobre o Egito. O bloco tem sido uma importante fonte de ajuda e de negócios ao Egito.

Agência Estado

  • Postura da UE desagradou o ministro egípcio Nabil Fahmy

O governo interino do Egito anunciou ontem que revisará toda a ajuda financeira recebida de outros países, após a União Europeia dizer que reavaliará a relação com o país. A ação dos países europeus é uma represália aos confrontos entre a polícia e os islamitas, que deixaram mais de 800 mortos em três dias.

A revisão acontece em meio à preocupação da comunidade internacional com a violência no Egito, iniciada após a retirada do presidente islamita Mohammed Mursi, em 3 de julho. A Irmandade Muçulmana, à qual Mursi é vinculado, se recusou a negociar com os militares que retiraram o mandatário.

Em repúdio ao que chamou de golpe, convocou manifestações durante os últimos 45 dias e ocupou duas praças no Cairo. Os acampamentos foram desmontados na última quarta-feira, em uma ação da polícia que terminou em confronto com os islamitas e levou a um massacre que deixou mais de 600 mortos.

Na sexta-feira, a Irmanda­de convocou um novo ato, chamado "dia de fúria", com novos enfrentamentos que terminaram com 173 mortos. O governo interino afirma ser vítima de uma tentativa de desestabilização do país, chama os islamitas de terroristas e os acusa de terem vínculos com o Taleban e a Al-Qaeda.

Ontem, o ministro das Relações Exteriores egípcio, Nabil Fahmy, se antecipou às ameaças de países ocidentais de interromper as ajudas ao país e anunciou que toda a verba recebida de outros países será avaliada.

"A partir dessa revisão, quero determinar o que é útil ou não para nós, as ajudas usadas para pressionar o Egito e se a concessão desses recursos tem boas intenções e credibilidade. Nós não queremos trocar um parceiro por outro, queremos continuar a ter relações com outros países, mas de modo que tenhamos opções", afirmou Nabil.

O anúncio foi feito horas após a União Europeia emitir um comunicado dizendo que fará uma reunião hoje com os 28 ministros de relações exteriores dos países membros para reavaliar a relação com o Egito. O bloco pede que o governo interino tenha responsabilidade para determinar o retorno à calma no país.

Outras fontes

A reavaliação acontece após a pressão dos países ocidentais e o aumento da entrada de recursos de outros países, como as monarquias do Golfo. Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos forneceram cerca de US$ 12 bilhões (R$ 28,8 bilhões) desde a queda de Mursi, em julho.

Os recursos são sete vezes maiores que a ajuda militar entregue anualmente pelos Estados Unidos, de US$ 1,5 bilhão (R$ 3,6 bilhões). O presidente Barack Obama não comentou se pretende cortar os recursos, mas suspendeu a realização de exercícios programados entre os dois países, que acontecem de dois em dois anos.

Prisioneiros são mortos por militares

Ao menos 36 prisioneiros morreram sufocados por gás lacrimogêneo numa suposta tentativa de fuga de um comboio de detentos ontem, no Cairo. O gás foi disparado por militares, segundo o Ministério do Interior egípcio, na tentativa de libertar um policial retido num motim.

Cerca de 600 pessoas detidas nos confrontos da última semana estavam sendo levadas em comboio até a prisão de Abu Zaabal, no norte do Egito. Os detentos que estavam em um dos veículos, segundo os militares, teriam feito um motim e capturado um policial. O gás foi disparado, oficialmente, na tentativa de libertar o policial. Nenhum dos relatos diz o que houve com o policial.

Todas as declarações sobre o incidente foram dadas às agências internacionais sob a condição de anonimato. Segundo os militares que deram entrevistas, nem todos os mortos eram membros da Irmandade Muçulmana.

Cancelamento

A Irmandade Muçulmana cancelou ontem uma manifestação programada para o Cairo por falta de segurança para seus militantes. Os últimos atos convocados pelo grupo no Egito terminaram em confrontos com as forças de segurança, que deixaram quase 900 mortos.

O cancelamento foi comunicado pela porta-voz da Aliança Antigole, Yasmine Adel, porque o grupo temia que atiradores do governo interino e de movimentos liberais pudessem dar início a uma nova onda de violência. Ontem, a situação nas ruas das cidades do Egito era tranquila.

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