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Após a eleição e posse do novo presidente, Honduras inicia uma longa jornada rumo à normalidade. Segundo especialistas, o país vai passar os próximos anos tentando superar divisões e prejuízos causados pela disputa de poder deste segundo semestre.

Para Carlos Eduardo Vidigal, professor de História da América da Universidade de Brasília, a eleição que ocorre hoje não pode ser vista como o início da superação da crise. "A escolha de um no­­vo presidente, qualquer que seja, configura a vitória do atual grupo político, este que depôs Zelaya", entende.

Diplomaticamente, o acadêmico percebe uma vitória da di­­plomacia norte-americana, que apoiou a realização de eleições e já antecipou o reconhecimento do eleito. "A eleição vai acabar sendo validada, principalmente por conta do apoio dos Estados Unidos. Isso representa uma derrota da diplomacia brasileira, que não conseguiu fazer com que Zelaya fosse reconduzido ao poder", analisa.

Para Vidigal, a possibilidade de a eleição não ser reconhecida pela comunidade internacional depende das condições em que o pleito está sendo realizado: "Tu­do vai depender da quantidade de votos e do comparecimento nas eleições, já que o grupo de Zelaya pregou o boicote. Porém, a confiabilidade aumenta com os delegados que participarão do processo".

Reconhecimento

Eduardo Gomes, professor de Di­­reito Internacional da Uni­­Bra­­sil, prevê uma batalha diplomática para o próximo pre­­si­­dente. "A situação não pode fi­­car indefinida para sempre. A partir de agora, o governo eleito terá de comprovar seu direito de governar o país. Para isso, terá de ser conciliador e aberto ao diálogo", afirma.

Gomes explica as implicações práticas de um não reconhecimento da eleição hondurenha por parte da comunidade internacional: "Quando um Estado não reconhece um governo, está dizendo, em tese, que ele é ilegítimo. Qualquer ato que esse go­­verno não reconhecido faça e que tenha relevância internacional será simplesmente ignorado. Mesmo que a Organização dos Estados Americanos (OEA) vote a favor do governo eleito, os países-membros ainda podem ter uma política própria em relação ao país".

Ele entende que, para alcançar plena abertura diplomática, Honduras terá de buscar a legitimação perante diferentes atores políticos. "Sob o ponto de vista hondurenho, o reconhecimento por parte dos Estados Uni­­dos é interessante. Porém eles devem buscar também o apoio dos demais Estados, principalmente os da América Lati­­na", aponta.

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