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Defensor do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, protesta diante de policiais da Força de Segurança: negociações não evoluem | Oswaldo Rivas/Reuters
Defensor do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, protesta diante de policiais da Força de Segurança: negociações não evoluem| Foto: Oswaldo Rivas/Reuters

Tegucigalpa - O governo de fato de Honduras apresentou ontem uma nova proposta para a retomada do diálogo com o presidente deposto Manuel Zelaya. A oferta veio à to­­na horas depois de a delegação de Zelaya ter-se retirado da mesa de negociações.

Pela nova proposta, lida on­­tem pela negociadora Vilma Morales em Tegucigalpa, o governo empossado após o golpe militar de 28 de junho admite que Ze­­laya consulte o Congresso so­­bre seu retorno ao cargo.

Ao mesmo tempo, porém, o presidente interino Roberto Mi­­cheletti aceita deixar o cargo se Zelaya também "desistir de suas pretensões (de retornar à presidência para terminar seu mandato), dando lugar a um governo de transição".

A outra opção é que o regresso de Zelaya seja "decidido pelo Con­­gresso mediante solicitação" que deverá ser apresentada pelo próprio presidente deposto ao Poder Legislativo.

Refúgio

Zelaya está abrigado há mais de um mês na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, depois de ter retornado clandestinamente a Honduras

Víctor Meza, representante de Zelaya, disse que a proposta ainda não foi apresentada formalmente e, por isso, não manifestou opinião.

Mais cedo, Zelaya, chegou a dar por encerrado o diálogo iniciado há 22 dias. O anúncio do fracasso foi feito por Meza, coordenador da comissão negociadora de Zelaya, depois de vencido o prazo estabelecido pelo líder de­­posto para que os golpistas permitissem que o Congresso decidisse sobre sua restituição ao poder.

"Como o prazo (meia-noite de quinta-feira) expirou, para nós o diálogo está encerrado. Não há mais espaço para seguir dialogando com quem só busca alongar as negociações", disse Meza.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ian Kelly, conclamou os dois lados a chegarem a um acordo "imediatamente".

O principal ponto da discórdia é a restituição do presidente deposto. O governo de fato insiste em entregar o poder diretamente ao vencedor das eleições presidenciais de 29 de novembro e que­­ria que a Suprema Corte – órgão hostil a Zelaya – decidisse sobre a volta do presidente deposto.

Já Zelaya diz que a votação não será legítima se for realizada sem que ele tenha sido restituído e exige um acordo baseado na Proposta de San José, apresentada pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias.

Desde o início do diálogo, analistas previam que o governo au­­toproclamado não cederia, já que, para ele, é vantajoso arrastar o impasse até novembro. Isso porque acredita-se que as eleições mudariam completamente o cenário da crise. Os atores do conflito não serão mais um go­­verno deposto e os líderes do golpe, mas um presidente cujo mandato está prestes a expirar (Zelaya teria de entregar o cargo em janeiro) e um novo governo eleito.

Zelaya foi expulso de Hondu­­ras no dia 28 de junho, quando militares armado o retiraram de sua casa na calada da noite e o enviaram de pijama para a Costa Rica. Ele conseguiu voltar clandestinamente ao país há pouco mais de 30 dias, após duas tentativas frustradas, na esperança de concluir o mandato para o qual foi eleito.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou a deposição de Zelaya. Todos os países da região também condenaram o que foi classificado com um golpe de Estado.

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