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Advogado que participava de protesto antigoverno é preso pela polícia em Karachi, no Paquistão | Asif Hassan/AFP
Advogado que participava de protesto antigoverno é preso pela polícia em Karachi, no Paquistão| Foto: Asif Hassan/AFP

Islamabad - A cada nova imagem de policiais arrastando manifestantes para dentro de camburões e a cada novo anúncio de proibição a manifestações, mais e mais os paquistaneses dizem a mesma coisa: "Nós já vimos esse filme antes".

A repressão do governo civil do país a ativistas e partidos de oposição por trás dos protestos em Islamabad vem atingindo praticamente as mesmas vítimas da truculência do ex-presidente militar Pervez Musharraf – e cuja mobilização contribuiu decisivamente para a queda de seu regime.

"A única diferença é que Musharraf era um ditador militar e Zardari (Asif Ali Zardari, presidente do Paquistão) é um ditador civil", opina o advogado Rana Asad, que passou 30 dias na cadeia durante uma campanha de repressão promovida por Musharraf em 2007 e agora planeja participar dos protestos contra o atual governo.

Dois anos atrás, quando Musharraf exonerou o presidente da Suprema Corte, associações de advogados lançaram uma campanha exigindo a independência do Poder Judiciário. Com o crescimento do movimento, Musharraf impôs um estado de emergência – ativistas de oposição foram detidos, dezenas de juízes foram exonerados e a mídia independente passou a ser censurada.

Apesar de o novo governo ter reempossado quase todos os magistrados, alguns deles continuam afastados. Essa situação levou advogados a convocarem novas manifestações pelo país. Em desafio à polícia, ativistas começaram a se reunir na quinta-feira em diversas cidades para seguir em direção a Islamabad.

O líder oposicionista Nawaz Sharif, ex-primeiro-ministro derrubado por Musharraf em 1999 e que aliou-se a Zardari logo depois de Musharraf ter sido obrigado a renunciar no ano passado, está convocando seus correligionários. Sharif está furioso com Zardari pelo fato de um tribunal ter cassado seus direitos políticos.

Os EUA, interessados na estabilidade do Paquistão, aliado na luta contra o terrorismo, apoiam Zardari, cujo partido chegou ao poder em grande parte pela comoção do assassinato, em 2007, de sua esposa, a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto.

Analistas dizem que o apoio a Zardari entre as camadas militares está fraco, um fator que faz especialistas especularem sobre a possibilidade de outra tomada de poder por militares num país inclinado a golpes desde que conquistou a independência em 1947.

Musharraf tem chamado a atenção para si mesmo na medida em que a desordem política tem se aprofundado. Ele tem feito conferências e discursos, tratando de assuntos como o recente ataque a jogadores de críquete do Sri Lanka no leste do Paquistão e de seus esforços para promover conversações de paz com a Índia.

Poucas pessoas acreditam que Musharraf será presidente novamente, mas repetições políticas são comuns no Paquistão.

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