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O papa Bento 16 conclamou o Paquistão na segunda-feira a revogar sua lei contra a blasfêmia e exigiu que governos de países de maioria muçulmana façam muito mais para proteger minorias cristãs contra ataques violentos.

Falando em seu discurso anual a diplomatas, dias depois de um político paquistanês de alto escalão que se opunha à lei contra a blasfêmia ter sido assassinado por seu próprio guarda-costas, o papa disse que a lei paquistanesa é um pretexto para violência contra minorias religiosas.

O papa, que nas últimas semanas tem aproveitado vários de seus discursos para reivindicar liberdade religiosa, renovou sua condenação aos ataques contra igrejas que deixaram dezenas de mortos no Egito, Iraque e Nigéria.

Ele também pediu liberdade religiosa na Arábia Saudita, onde cristãos não podem praticar sua religião em público, e na China comunista, que obriga os católicos a se filiarem a uma igreja oficial.

"A influência particular de uma religião dada em um país nunca deveria significar que cidadãos de outra religião sejam sujeitos à discriminação na vida social, ou, pior ainda, que sejam tolerados atos de violência contra eles", disse o papa aos diplomatas.

O Vaticano se preocupa especialmente com os cristãos no Oriente Médio, onde os ataques contínuos, somados a restrições graves, estão alimentando um êxodo cristão da região.

Em seu discurso a diplomatas que representam cerca de 170 países, o papa disse que os ataques recentes no Egito e Iraque mostram a necessidade urgente de serem adotadas medidas eficazes para a proteção das minorias religiosas.

É raro que um papa aproveite um discurso público para pedir especificamente a um país que mude uma de suas leis, mas o papa exortou o Paquistão "a revogar aquela lei (contra a blasfêmia), mais ainda porque está claro que ela funciona como pretexto para atos de injustiça e violência contra minorias religiosas".

Bento aludiu ao assassinato, na semana passada, de Salman Taseer, o governador muçulmano da província de Punjab. Progressista declarado, Taseer foi assassinado por fazer oposição à lei antiblasfêmia, que prevê a pena de morte para quem insulta o profeta Maomé.

A lei paquistanesa contra a blasfêmia está no centro das atenções desde novembro, quando um tribunal sentenciou à morte uma mulher cristã, Asia Bibi, mãe de quatro filhos, em um caso que expôs divisões profundas no país muçulmano conturbado com mais de 170 milhões de habitantes.

Enquanto paquistaneses progressistas e grupos de defesa dos direitos humanos consideram que a lei é perigosamente discriminatória contra os pequenos grupos minoritários do país, o caso de Asia Bibi ganhou peso enorme para a direita religiosa do país muçulmano.

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