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Bagdá – Saddam Hussein e seu primo, o "Ali Químico", discutiram matar milhares de pessoas com armas químicas antes de lançá-las contra os curdos em 1988, mostraram gravações reproduzidas ontem no julgamento de ex-autoridades iraquianas.

Nove dias depois do enforcamento de Saddam, chamava a atenção no tribunal sua cadeira vazia. Mas Ali Hassan al-Majeed e cinco outros líderes do partido Baath continuavam sendo julgados pela Operação Anfal, em 1988, no norte do Iraque.

"Vou atacá-los com armas químicas e matar todos eles", disse uma voz identificada pela promotoria como de Majeed, primo e assessor de Saddam. "Quem vai falar alguma coisa? A comunidade internacional? Dane-se a comunidade internacional", continuou a voz. "Sim, é eficaz, especialmente em quem não usar a máscara imediatamente", disse outra voz, identificada como sendo de Saddam Hussein, em outra gravação. "Senhor, isso extermina milhares?", perguntou uma voz. "Sim, extermina milhares e os impede de comer ou beber, e eles terão de desocupar suas casas sem levar nada com eles, até que possamos finalmente eliminá-los", respondeu a voz identificada como de Saddam.

Os promotores não explicaram quem determinou a gravação das conversas ou por que elas foram feitas, e as autoridades judiciais não entraram em detalhes. Já houve outras reproduções de gravações em áudio no julgamento antes, e acredita-se que o próprio Saddam tenha gravado algumas de suas reuniões.

A acusação disse que 180 mil pessoas foram mortas, a maioria por gás venenoso. Muitos curdos ressentem o fato de o principal acusado não poder mais ser punido pelo crime, mas torcem para que os outros réus tenham o mesmo fim dele, na forca.

Saddam foi enforcado no dia 30 de dezembro, pela condenação por sua atuação no assassinato de 148 xiitas nos anos 1980. Majeed, acusado de genocídio, é considerado o principal executor da campanha de Anfal. O envenenamento por gás de 5.000 pessoas na cidade de Halabja é objeto de um outro processo. Os réus já disseram que Anfal foi uma operação legítima contra guerrilheiros curdos que haviam se aliado ao Irã xiita durante a última fase da guerra Irã-Iraque.

O promotor-chefe, Munqith al-Faroon, também mostrou imagens de vídeo de mulheres e crianças mortas nas ruas das cidadezinhas e nas encostas de montanhas, depois de um suposto ataque químico ordenado por Saddam: "São essas as batalhas honradas que eles alegam ter combatido com o inimigo", disse ele ao tribunal.

O juiz Mohammed al-Ureybi arquivou formalmente as acusações de genocídio contra Saddam Hussein.

Dois assessores de Saddam, seu meio-irmão Barzan al-Tikriti e o ex-juiz Awad al-Bander, foram condenados e devem ser enforcados a qualquer momento.

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