• Carregando...
Mulher vítima da seca na África prepara alimentos em campo de refugiados na Somália | Omar Faruk/Reuters
Mulher vítima da seca na África prepara alimentos em campo de refugiados na Somália| Foto: Omar Faruk/Reuters

África

ONU aumenta distribuição de comida

A ONU anunciou ontem que vai intensificar a distribuição de alimentos nos campos de refugiados somalis na Etiópia, após comprovar que a taxa de desnutrição aguda aumenta de forma alarmante, particularmente entre as crianças.

Os novos refugiados chegam cada vez em piores condições nutricionais, o que foi confirmado por exames médicos, disse em entrevista coletiva o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Adrian Edwards.

Edwards informou que em quatro assentamentos de refugiados na Etiópia foi comprovado que as crianças somalis apresentam taxas de desnutrição aguda que variam entre 10% e 19%.

Trabalhadores comunitários irão de barraca em barraca, onde os refugiados estão abrigados, para buscar as crianças desnutridas que ainda não estão inscritas para receber o tratamento.

Apesar destas ações, Edwards reconheceu que o mais provável é que as taxas de desnutrição se mantenham altas nas próximas semanas até que a situação se estabilize.

O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricul­­tura e Alimentação (FAO), José Graziano da Silva, disse ontem em Buenos Aires que o impacto da crise internacional nos preços dos alimentos será menor que em 2008, mas pode gerar 40 milhões de famintos. "A expectativa é de que o im­­pacto seja menor às cifras de 2008. As estimativas preliminares do Banco Mundial são de cerca de mais de 40 milhões de fa­­­mintos", disse Graziano.

Segundo o diretor da FAO, du­­rante a crise do subprime, a organização verificou um aumento de 100 milhões de pessoas famintas no mundo. "O impacto ainda é muito menor do que constatamos em 2008/2009", disse ele.

Graziano ressaltou que é cedo para uma avaliação global dos efeitos da crise de desconfiança global sobre as economias dos Es­­tados Unidos e da Europa.

"Mas existem avaliações regionais que indicam que estamos com uma média de preços dos alimentos até 50% acima dos valores do ano passado e, pelo menos, entre 10 a 20%, dependendo da região, sobre os preços de 2008/ ­­2009", detalhou.

A América Latina é um das regiões que menos sofre impactos na atual crise, segundo destacou Graziano. Ele afirmou que as consequências das turbulências in­­ternacionais para os países emergentes estão sendo mais suaves por duas razões. "O grande impacto da subida de preços de 2008 foi provocado pela rapidez da alta. Entre 2007 a 2008, os preços triplicaram, e os países não tiveram a capacidade de se mobilizar com rapidez para enfrentar o problema. Os países demoraram a reagir", reconheceu Graziano.

Agora não, continuou, afirmando que com a experiência pré­­via, e mecanismos de política adequados, os países reagiram com mais rapidez. "A reação foi mais rápida", constatou. Ele mencionou que outra diferença im­­portante entre a crise de 2008 com a atual é que, embora haja uma alta dos preços, agora não há re­­cessão.

"Os preços baixaram com a recessão, mas nas economias em desenvolvimento a recessão significa mais desemprego porque a população que não trabalha não come. É a lei da selva que temos tido na maioria dos países em desenvolvimento", observou.

Buenos Aires será sede da conferência regional da FAO no dia 26 de março de 2012.

Segundo Gra­­ziano, há dois temas centrais do encontro: a resposta dos países da região à alta de preços e a crise alimentar e a descentralização da organização.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]