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Angela Merkel, chanceler da Alemanha, Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial durante a Reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos, 23 de janeiro , 2019. Imagem ilustrativa.
Angela Merkel, chanceler da Alemanha, Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial durante a Reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos, 23 de janeiro , 2019. Imagem ilustrativa.| Foto: World Economic Forum / Fotos Públicas

Com a dispersão mundial da Covid-19, muitos países adotaram medidas drásticas para conter o contágio – e aqui estamos nós, tendo de lidar com uma série de cores de bandeiras, máscaras e abre-fechas.

Sem querer entrar na discussão se essas medidas são eficazes, a crise gerada pela doença acabou se mostrando uma bela oportunidade para algumas pessoas tentarem uma mudança radical na sociedade.

Não é segredo para ninguém, ou ao menos não deveria ser, que os progressistas utilizam a pauta ambiental para avançar sua agenda revolucionária. E é exatamente isso que está sendo desenhado entre a elite global, por meio do Fórum Econômico Mundial (FEM):

“Para alcançar melhor êxito, o mundo deve agir conjunta e rapidamente para renovar todos os aspectos de nossas sociedades e economias, desde a educação até o contratos sociais e as condições de trabalho”, é assim que Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial, começa a definir, em artigo, o “Great Reset” [Grande Reinicialização].

Um plano que, de acordo com Schwab, “todos os países, dos Estados Unidos à China, devem participar; todos os setores, desde petróleo e gás até tecnologia, devem ser transformados”.

Essa deve ser a pauta da próxima reunião da elite global, a primeira após a pandemia, prevista para janeiro de 2021. E o plano pode estar mais perto de entrar em vigor do que se imagina.

“Great Reset”

Em junho deste ano, segundo reportagem do Le Figaro, Schwab, para angariar apoio, se reuniu em uma conferência virtual com Príncipe Charles da Inglaterra, o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, o especialistas de economia do clima Lord Stern, os chefes da Mastercard e da Microsoft e representantes da juventude (como Victoria Alonso Perez, engenheira uruguaia, criadora de uma tecnologia para geolocalização de gado).

Nessa reunião Schwab afirmou que “a Covid-19 acelerou nossa transição em direção à quarta revolução industrial” e, apoiado pelo secretário-geral da ONU e pela diretora-geral do FMI, reitera que “não podemos perder essa oportuna janela” para centrar as novas tecnologias “do mundo digital, biológico e físico no homem”.

Os detalhes desse plano provavelmente só serão apresentados na próxima reunião da cúpula em Davos. Mas Schwab, em artigo de 22 de outubro deste ano para a revista Time, já deu indicações de quais serão as linhas mestras dessa reinicialização.

Um artigo revelador

Em sua defesa do “great reset”, Schwab começa lamentando a crise gerada pelo coronavírus, já que em uma situação como essa é “difícil ser otimista”, mas que, no curto prazo, a única vantagem talvez seja “a queda nas emissões de gases de efeito estufa, que trouxe um alívio leve e temporário para a atmosfera do planeta”.

A partir daí ele desenvolve toda uma crítica aos modernos sistemas de produção, que são baseados “apenas no lucro”. Um sistema “neoliberal” desenvolvido após a Segunda Guerra que acabou por gerar “desigualdade” e “mudanças climáticas”.

Schwab crê que esses problemas podem ser resolvidos se um “sistema capitalista mais virtuoso” for implementado. Para isso empresas adotariam, de forma voluntária, “métricas e informações não financeiras aos relatórios anuais das empresas nos próximos dois ou três anos” para que se possa medir o seu desempenho – sem que o lucro seja deixado de levar em conta, mas numa perspectiva “de longo prazo”.

E que informações são essas?

Basicamente, “Qual a diferença salarial entre gêneros (sic)?”; “Quantas pessoas de diversas origens foram contratadas e promovidas?”; “Que progresso a empresa fez para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa?”; “Quanto a empresa pagou em impostos globalmente e por jurisdição (sic)?” e outras. (Uma curiosidade: neste artigo a palavra “país” não é mencionada uma vez sequer.)

Enfim, uma série de medidas que poderiam ser chamadas “sociais” entrariam nos balanços das empresas para fins de avaliação. Como as empresas seriam recompensadas ou punidas a partir desses dados é algo que provavelmente só será revelado em janeiro.

Planos iguais para a retomada?

Por outro lado, muitos países parecem convergir em seus planos pós-pandemia.

O mote utilizado pelo premiê britânico, Boris Johnson, no seu plano de retomada econômica pós-Covid, “Build Back Better” [Reconstruir Melhor], coincidentemente também foi adotado pelo (presumivelmente) presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, e mesmo o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, já utilizou o termo em uma teleconferência, neste ano, também afirmando que a pandemia é uma "oportunidade para um reset".

O mote também aparece em artigo de 13 de julho no site do Fórum Econômico Mundial, intitulado “Para reconstruir melhor, temos de reinventar o capitalismo. Eis como”.

O autor, Peter Bakker, presidente do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, apresenta um plano que não difere do que está preconizado no Great Reset: “moldar um mundo mais resiliente e sustentável” e “construir um futuro verde e inclusivo”. Na verdade o próprio termo “reset” é utilizado quando Bakker afirma que “uma verdadeira recuperação da Covid-19 não será colocar as coisas no lugar como estavam: precisamos ‘reconstruir melhor’, ‘reiniciar’, se quisermos abordar as vulnerabilidades sistêmicas profundas que a pandemia expôs”.

Uma das principais medidas para esse futuro “verde” é “descarbonizar economias inteiras” como “demanda necessária para impulsionar a recuperação econômica e criar bons empregos”. O artigo encerra afirmando que “apesar da tragédia” da Covid-19, ela deve ser uma “catalisadora para uma transformação profundamente positiva da economia global, levando-nos para mais perto de um um mundo em que todos possam viver bem, dentro das fronteiras planetárias”.

"Descarbonizar economias inteiras" parece um plano grandioso para quem crê nas mudanças climáticas globais provocadas pelo homem. Mas o plano inclui tópicos como:

  1. Moldar a recuperação econômica.
  2. Redesenhar contratos sociais, habilidades e trabalhos.
  3. Conduzir a quarta revolução industrial.
  4. Fortalecer o desenvolvimento regional.
  5. Revitalizar a cooperação global.
  6. Desenvolver modelos de negócios sustentáveis.
  7. Recuperar a saúde do meio-ambiente.

Todos esses tópicos são divididos em subtópicos que incluem modificações no "sistema financeiro e monetário" e na "tributação", no primeiro tópico; ou fim do "racismo sistêmico", no segundo.

Não cito todos para não cansar o leitor, mas o convido a acessar o site e verificar com seus próprios olhos se o "great reset" é apenas uma tentativa de conter as mudanças climáticas ou de alterar a sociedade mundial como a conhecemos.

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