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A onda de protestos contra as medidas tomadas pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, ampliou-se na sexta-feira, quando o poderoso comitê cívico do Departamento de Santa Cruz convocou a população para uma greve de fome e pediu por uma ``mobilização popular e resistência civil.''

O protesto em Santa Cruz soma-se a uma greve de fome iniciada pelo magnata do cimento Samuel Doria Medina, greve essa que chegava, na sexta-feira, a seu nono dia.

O partido de Morales foi o mais votado em Santa Cruz, mas não controla o governo departamental, o comitê cívico e nem as atuantes entidades empresariais da região.

``Conclamamos o povo de Santa Cruz e o povo boliviano a aderirem à greve de fome em defesa da democracia e do Estado de direito'', afirmou o líder cívico do Departamento, Germán Antelo, ao ler uma declaração emitida após o término de uma reunião realizada na quinta-feira à noite.

O teor da declaração foi divulgado por jornais bolivianos na sexta-feira.

Antelo foi escolhido para encabeçar a greve de fome em Santa Cruz como forma de rechaço ao domínio dos aliados de Morales na Assembléia Constituinte criada em agosto e à ''revolução agrária'' promovida pelo presidente com o intuito de dividir as terras improdutivas entre a camada mais pobre do país.

Os adversários de Morales também se opõem a uma proposta para que os governos departamentais sofram uma fiscalização mais rígida por parte do governo federal.

Morales enfrenta ainda um bloqueio no Congresso, onde a oposição tem conseguido impedir que o Senado atinja seu quórum de votação, e se depara com a realização de uma ``cúpula'' de dirigentes civis e governadores da oposição, à frente de seis dos nove Departamentos do país.

O governo federal ainda não se manifestou sobre o início da greve de fome, mas costuma dizer que os protestos são dirigidos pela aliança direitista Poder Democrático e Social, do ex-presidente Jorge Quiroga.

O aumento da tensão política acontece dois dias antes de Morales dar início a uma viagem durante a qual passará pela Holanda, pela Nigéria e por Cuba.

Devido à ausência da oposição, o Congresso não conseguiu reunir-se na quinta-feira para autorizar a viagem.

Mas o governo anunciou que o presidente se ausentaria e que faria uma escala no território boliviano, servindo-se de uma lei que permite ao presidente ficar fora do país por até cinco dias sem autorização do Poder Legislativo.

O vice-presidente boliviano, Alvaro García, de outro lado, tenta construir um acordo político em meio à greve de fome de Doria Medina, chefe de um partido centrista que detonou os protestos contra as medidas adotadas pelo governo federal com vistas a implementar seus planos de ``refundação'' da Bolívia.

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