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A greve dos petroleiros franceses contra a reforma previdenciária começa a perder fôlego nesta terça-feira, e os sindicatos agora parecem mais interessados em negociar com os patrões do que em manter o conflito.

A reforma - que deve ser sancionada nesta semana - eleva a idade mínima de aposentadoria de 60 para 62 anos. Ela gerou a mais ampla reação popular de toda a Europa contra as medidas de austeridade adotada por vários governos para conter suas dívidas e déficits.

O dirigente sindical François Chérèque e o líder empresarial Laurence Parisot disseram na noite de segunda-feira à TV France 2 que estão dispostos a discutir medidas relativas ao mercado de trabalho para jovens e idosos.

"Estamos em uma nova fase, mas uma nova fase não significa que tudo acabou", disse Chérèque. "O presidente (Nicolas Sarkozy) tem o poder de adiar o debate (sobre a previdência), porque uma lei sempre pode ser aperfeiçoada."

A ministra da Economia, Christine Lagarde, que vinha se mostrando preocupada com o impacto das greves e protestos sobre a imagem nacional, elogiou a perspectiva de negociações.

"Saúdo a volta à razão e ao diálogo", disse ela a uma rádio. "Discutir o emprego para os jovens, o emprego para cidadãos da terceira idade, e examinar os problemas subjacentes que preocupem os jovens e os idosos é realmente um ponto de inflexão, e acho que é uma coisa boa."

Após duas semanas de greve, quatro das doze refinarias francesas já não têm mais piquetes e retomaram o fornecimento de combustível. Mas greves portuárias ainda impedem que o petróleo bruto chegue às refinarias.

Os serviços ferroviários estão quase normalizados, e a escassez de combustível nos postos também foi atenuada, graças às importações feitas pelo governo. O ministro da Energia, Jean-Louis Borloo, disse que em cerca de 80 por cento dos 12,5 mil postos de gasolina da França a situação já está normalizada.

Lagarde, que havia estimado os prejuízos da greve em 200 a 400 milhões de euro por dia, afirmou nesta terça-feira que a estimativa de crescimento para 2010 não deve ser revista por causa dos protestos.

Em Marselha (sul), os garis voltaram ao trabalho após uma paralisação de duas semanas, que deixou as ruas tomadas por gigantescas pilhas de lixo.

As centrais sindicais convocaram mais duas jornadas de protestos contra a reforma, nos dias 28 de outubro e 6 de novembro.

As pesquisas mostram que a maioria da população é contra a reforma previdenciária, mas também faz críticas às greves. Segundo levantamento do instituto Ifop, divulgado nesta terça-feira, 59 por cento dos entrevistados se opõem aos piquetes nas centrais de distribuição de combustível.

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