
Manaus - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em Manaus, que os "gringos vão pagar a conta da preservação da Amazônia. A declaração foi feita durante a inauguração do gasoduto Urucu-Manaus, antes da participação de Lula na Cúpula dos Países Amazônicos sobre Mudança do Clima.
"Que não venha nenhum gringo pedir para a gente deixar um amazonense morrer de fome embaixo do toco de uma árvore, disse o presidente.
"Porque nós queremos preservar, mas eles (estrangeiros) terão que pagar a conta desta preservação, pelo fato de nós não termos derrubado a nossa floresta como eles já derrubaram a deles, há um século. Então, nós queremos usufruir corretamente, afirmou Lula.
Na cúpula, Lula tinha a expectativa de receber apoio para uma proposta conjunta para a conferência do clima de Copenhague, em dezembro. Mas a cúpula foi esvaziada pela ausência dos presidentes Hugo Chávez (Venezuela), Álvaro Uribe (Colômbia) e Evo Morales (Bolívia).
Em Manaus, Lula reafirmou a proposta do governo que será apresentada em Copenhague de reduzir as emissões. "Nós acabamos de fazer uma proposta, e vamos levar a Copenhague: é que nós vamos assumir o compromisso de diminuir as emissões de gases de efeito estufa entre 36,1% e 38,9%.
"Nós queremos mostrar para os nossos amigos americanos, para os nossos amigos europeus, que aqui no Brasil a gente fala menos e faz mais. A gente não é como aqueles que falam: Eu mato a cobra e mostro o pau. Ora, quem mata a cobra e mostra o pau não mostrou a cobra morta. Aqui, a gente mata a cobra e mostra a bichinha morta, a gente não mostra indiferença, declarou Lula.
Na inauguração do gasoduto da Petrobras, Lula disse que a troca da matriz energética de Manaus, que hoje é de óleo diesel, para gás natural reduzirá as emissões anuais de CO2. Para isso, Petrobras, Eletrobras e empresas privadas responsáveis pelas termelétricas terão que fazer a conversão das usinas de diesel para gás natural até setembro de 2010.
Fumaça
Sede da Cúpula dos Países Amazônicos, Manaus amanheceu ontem encoberta por uma fumaça causada pelas queimadas no entorno do município. A região enfrenta estiagem e baixa nos rios.
O fenômeno observado pela manhã, de acordo com Antonio Manzi, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), é ocasionado pelas queimadas que ocorrem num raio de até 100 km de Manaus, especialmente a leste e sudeste da cidade.
"Estamos em uma estação muito seca e prolongada. Isso deixa o solo com menos água disponível e cria condições para as queimadas, intencionais ou não, afirma Manzi.
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Os países ricos devem ter responsabilidade pela preservação da Floresta Amazônica?
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