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A gripe aviária que está assolando a Ásia será a semente de uma pandemia global que poderia matar até 150 milhões de pessoas, se o mundo não se preparar para uma mutação no vírus que permita a transmissão fácil entre pessoas, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Indicado nesta semana para encabeçar a resposta da agência da ONU à ameaça da gripe das aves, o médico David Nabarro disse que o secretário-geral Kofi Annan pediu a organização de uma iniciativa mundial para conter a doença e preparar os países para um possível salto na forma de contágio.

Se o vírus adquirir a capacidade de se espalhar entre pessoas - como ocorreu com outros vírus de gripe animal que desencadearam pandemias arrasadoras no passado -, são os preparativos das autoridades e a consciência da população que vão determinar se a doença matará 5 milhões - o que é considerado o mínimo - ou 150 milhões, disse Nabarro.

A pandemia de 1918, que ficou conhecida como gripe espanhola, eclodiu durante a Primeira Guerra Mundial, matou mais de 40 milhões de pessoas e expôs a vulnerabilidade de um mundo onde as fronteiras já começavam a significar cada vez menos.

- É quase certo que haverá uma outra pandemia brevemente - disse Nabarro.

O candidato mais óbvio a agente da desgraça é o vírus H5N1, que matou 66 pessoas desde que reemergiu em granjas da Ásia no fim de 2003. A maior preocupação atual é com a Indonésia, o quarto país mais populoso do mundo, que viveu um salto repentino no número de casos nas últimas semanas: cinco mortes e dezenas de casos suspeitos. O país tem pedido ajuda para o combate da doença porque uma epidemia ali seria certamente um problema global.

- A gripe aviária é uma doença tão perigosa que pode facilmente transcender fronteiras nacionais através da migração animal ou humana - disse o porta-voz de Assuntos Externos do país, Yuri Thamrin. - Além disso, o vírus pode sofrer mutação facilmente. Então, um esforço nacional não é suficiente. Tem que haver cooperação internacional.

Nos últimos meses, o vírus H5N1 chegou ao Leste da Europa, cruzando a fronteira da Rússia, onde foi detectado em pássaros. A detecção no Oriente Médio, para onde migram milhões de aves todos os anos saídas da Ásia, é considerada questão de tempo.

O H5N1, altamente letal e contagioso nas aves, ainda não tem a capacidade de ser transmitido facilmente de uma pessoa a outra. Uma vez que uma pessoa o contrai, porém, o risco de morrer em poucos dias é de pelo menos 50%. E quanto mais o vírus circula, maior a probabilidade de sofrer a temida mutação que facilitaria o contágio - o que pode ocorrer, por exemplo, se o H5N1 se recombinar (trocar genes) com um vírus de gripe humano. Isso poderia ocorrer no organismo de uma pessoa doente ou de um animal suscetível a vírus de gripe humana, como os porcos.

À indústria aviária, a gripe do frango já deu um prejuízo de US$ 10 bilhões a US$ 15 bilhões, principalmente na Tailândia, Vietnã e Indonésia.

A OMS está tentando enfatizar um alerta que os especialistas vêm dando desde que surgiram os novos casos - animais e humanos. Ignorar o perigo, diz a agência da ONU, seria um enorme erro.

Alguns governos e entidades internacionais já iniciaram preparativos. No mês passado, o presidente dos EUA, George W. Bush anunciou na ONU a meta de unir recursos e expertise internacionais no combate à gripe aviária. A primeira reunião de planejamento será nos dias 7 e 8 de outubro, em Washington.

Nos dias 25 e 25, o Canadá vai realizar uma reunião de alto nível em Ottawa sobre a doença, e a OMS convocou um outro encontro em Genebra, para 7 e 8 de novembro, sobre financiamento do combate ao vírus.

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