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Bayraktar TB2, drone de ataque turco utilizado pela Ucrânia na guerra contra a Rússia
Bayraktar TB2, drone de ataque turco utilizado pela Ucrânia na guerra contra a Rússia| Foto: EFE/Ilya U. Topper

A tecnologia se torna mais importante no campo de batalha a cada novo conflito armado, e na guerra da Ucrânia não tem sido diferente. Um relatório divulgado no mês passado indicou uma realidade preocupante para as forças do país invadido: na guerra de drones em território ucraniano, a Rússia parece estar levando vantagem.

O think tank britânico de defesa e segurança Royal United Services Institute for Defense and Security Studies (Rusi) apontou que a Ucrânia está perdendo aproximadamente 10 mil drones por mês no conflito.

O estudo não especifica os tipos de drones abatidos e em quais quantidades cada, mas sabe-se que Kiev utiliza no conflito desde pequenos drones comerciais, para reconhecimento, até o Bayraktar TB2, poderoso drone de ataque turco.

O número mensal de perdas foi informado ao Rusi por três oficiais das forças armadas da Ucrânia, cujos nomes não foram revelados. De acordo com o relatório, a Rússia utiliza um sistema principal de guerra eletrônica (EW, na sigla em inglês) aproximadamente a cada 10 km de frente de combate.

“O Shipovnik-Aero está se provando como um sistema particularmente eficaz, porque tem uma assinatura baixa [não identificável por radar] e pode ofuscar isso ainda mais, ao imitar outros emissores e dispositivos de comunicação [para enganar as forças ucranianas]. Também possui uma gama sofisticada de efeitos para derrubar drones”, destacou o Rusi.

“Os militares russos também continuam a fazer uso extensivo de interferência de navegação na área de batalha como forma de proteção eletrônica. Isso está contribuindo para uma taxa de perdas de drones ucranianos de aproximadamente 10 mil por mês”, acrescentou o think tank britânico.

Ao mesmo tempo, destacou o Rusi, as tropas russas têm adotado diferentes táticas com drones na Ucrânia para ações ofensivas. Segundo o relatório, os invasores recorrem pouco a postos de observação ou escuta longe das suas posições principais. O reconhecimento ativo é amplamente realizado por drones.

“Mesmo quando as unidades de reconhecimento avançam, geralmente é para lançar drones. É comum haver entre 25 e 50 drones de ambos os lados operando sobre a área disputada entre a linha de frente das próprias tropas e a linha de frente das tropas inimigas para cada 10 km de frente”, explicou o Rusi.

O think tank descreveu um exemplo de ação russa com drones, ocorrida numa ofensiva em Bakhmut, no leste ucraniano, em dezembro.

“Um realizou reconhecimento fora da cidade das posições da artilharia ucraniana; outro fez observação de possíveis rotas para transferência de reservas; um terceiro precedeu o grupo de assalto para identificar emboscadas ucranianas e posições de tiro; e um quarto voou acima do próprio grupo de assalto, fornecendo ao comandante observação em tempo real da situação tática”, destacou o Rusi.

Quando algum dos drones identificava um alvo, seu operador passava as coordenadas para o comandante do grupo de assalto. “Se a intenção fosse atacar o alvo com a artilharia, isso era ordenado pelo comandante do grupo de assalto e executado pela artilharia ligada ao grupo, ou transferido para o comando superior, operando seus próprios drones na área, que poderia assumir o controle da missão com seus recursos”, detalhou o documento.

O relatório conclui que, embora a visão do Ocidente da guerra na Ucrânia seja de incompetência, desânimo e grandes perdas do lado russo, os invasores têm conseguido adaptar estratégias e isso precisa ser levado em conta num momento em que Kiev parece aumentar sua confiança diante da chegada de novas armas.

“A Ucrânia, hoje, tem a iniciativa. Mas, à medida que as forças russas se adaptam, não pode haver espaço para complacência”, salientou o Rusi.

Em entrevista ao site Insider, James Patton Rogers, professor de estudos de guerra da Universidade do Sul da Dinamarca e especialista em drones, concordou que a Rússia tem conseguido criar medidas para conter o trunfo ucraniano de uso intenso dessas ferramentas.

“A Ucrânia está realmente perdendo 10 mil drones por mês? Provavelmente não, mas esses números indicam a escala da guerra de drones na Ucrânia e das contramedidas cada vez mais eficazes da Rússia”, afirmou Rogers – que comemorou, entretanto, o fato de a Ucrânia estar desenvolvendo “seus próprios sistemas de drones resilientes para preencher essa lacuna de capacidade”. Parte do conflito como um todo, a guerra dos drones também pode virar.

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