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Soldado israelense caminha na frente de mural em que refugiado palestino segura as chaves de sua casa | Abbas Momani/AFP
Soldado israelense caminha na frente de mural em que refugiado palestino segura as chaves de sua casa| Foto: Abbas Momani/AFP

Jerusalém - O governo de Israel passou os 22 dias da ofensiva na Faixa de Gaza negando que a proximidade das eleições tenha tido algum peso na decisão de ordenar os ataques contra o Hamas. Mas, mesmo que a política não tenha motivado a guerra, pesquisas de opinião feitas depois do cessar-fogo mostram que a guerra influenciou a política.

A menos de três semanas da eleição que definirá o novo governo do país, no dia 10 de fevereiro, a guerra reforçou a guinada à direita dos últimos anos no cenário político israelense. Ao mesmo tempo, recolocou a segurança como o tema principal da campanha, antes dominada pela crise econômica.

Além de reduzir as diferenças ideológicas entre os discursos dos três principais candidatos ao cargo de primeiro-ministro, essa tendência fortaleceu a ultradireita, sobretudo o partido Israel Beitenu (Israel Nossa Casa). Seu polêmico líder, Avigdor Liberman, desponta como um dos destaques da votação.

De acordo com uma pesquisa divulgada pelo jornal Yediot Ahronot, o mais popular do país, o partido conservador Likud receberia o maior número de votos se os israelenses fossem hoje às urnas. Em segundo lugar ficaria o Kadima, da chanceler Tzipi Livni, e em terceiro o Trabalhista, do ministro da Defesa, Ehud Barak.

A dianteira do partido do ex-premier Binyamin Netanyahu, contudo, não lhe garante a formação de um novo governo. Segundo a pesquisa, o Likud teria 29 das 120 cadeiras do Knesset (Parlamento), tornando necessária uma aliança com pelo menos outros dois partidos. O Kadima teria 25 deputados e os trabalhistas, 17.

Criado há dez anos com uma plataforma acusada de racista, por questionar o direito de cidadania dos árabes do país, o Israel Beitenu pularia dos 11 deputados que tem hoje para 14. Portanto, a uma distância mínima do Partido Trabalhista, herdeiro dos pioneiros socialistas que fundaram Israel.

Na pesquisa do jornal Maariv, o segundo mais lido, a diferença desaparece, com trabalhistas e ultradireitistas empatados em 16 deputados.

Árabes

Nesta semana, a Suprema Corte derrubou decisão da Comissão Eleitoral do Knesset de barrar os partidos árabes das eleições, iniciativa liderada pelo Israel Beitenu. Mesmo com o veto, o jornal de esquerda "Haaretz’’ manifestou em editorial o temor de uma "libernização’’ da política israelense, que teria como vítima principal a minoria árabe (20%).

As preferências partidárias não são a única indicação do endurecimento de opiniões. Quase metade dos entrevistados acha que os ataques deveriam ter continuado até a reocupação de Gaza. Na véspera da ofensiva, a grande maioria rejeitava essa possibilidade.

"A segurança voltou ao centro do debate’’, escreveu a colunista do Yediot Ahronot Sima Kadmon. "Depois de período em que todos (os candidatos) se fantasiaram de economistas que nos tirariam da crise, a tendência se inverteu totalmente’’.

A guerra melhorou a performance dos três principais candidatos. Livni e Barak, que comandaram a guerra ao lado do premier Ehud Olmert, saíram fortalecidos por atenderem à pressão pública, que esperava uma resposta a oito anos de foguetes disparados de Gaza. Netanyahu, que sempre defendeu a opção militar, manteve o status de quem tem melhor sintonia com o eleitorado.

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