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Cerca de 1.000 egípcios se reuniram perto das pirâmides nesta sexta-feira para protestar contra o que dizem ser ameaças feitas por radicais islâmicos de enfraquecer o turismo, uma das principais fontes de renda do país.

Grupos islâmicos devem dominar o próximo Parlamento, com a Irmandade Muçulmana vendo seu partido ganhar 37% dos votos em uma primeira fase da votação e os salafistas garantindo surpreendentes 24%.

A ascensão espetacular do partido salafista Al-Nour provocou um estremecimento nos egípcios seculares, que temem que o grupo possa tentar impor suas visões sobre a sociedade. Aumentando a preocupação, um porta-voz salafista proeminente sugeriu cobrir as antigas estátuas egípcias, como a Esfinge que guarda as pirâmides, dizendo que elas podem ser consideradas idólatras.

Sua sugestão foi repudiada por outros membros do al-Nour, mas guias turísticos dizem que uma vitória islâmica poderia impedir que os turistas fossem ao Egito, que já testemunha uma queda acentuada de visitantes desde que o presidente Hosni Mubarak foi deposto, em fevereiro.

"Indivíduos islâmicos que veem o mundo em branco e preto são um perigo real para este país", disse Khaled Touni, de 35 anos, que estudou egiptologia, história islâmica e copta.

"Exigimos que cada partido, seja islâmico ou secular, anuncie seu programa para aumentar o turismo antes que o Parlamento seja convocado", acrescentou.

A raiva era dirigida a Abdel Moneim el-Shahat, que é muito popular entre os salafistas do Egito e que questionou a integridade moral das estátuas antigas de valor inestimável espalhadas pelo país.

Shalat, que não conseguiu uma cadeira na disputa eleitoral esta semana, negou que as estátuas devam ser destruídas, mas sugeriu que elas fossem cobertas com cera. "As pessoas conseguiriam ver através da cera", disse à Dream Television.

Suas declarações provocaram lembranças dolorosas do Taliban do Afeganistão, que explodiu duas estátuas gigantescas de Buda em Bamiyan em 2001, argumentando que a arte pré-islâmica era idólatra.

Também houve rumores de que um governo islâmico no Egito proibiria a venda de álcool e o uso de biquínis nos resorts populares do país, como Sharm el-Sheikh na Península do Sinai.

O turismo é a principal fonte de renda do Egito, responsável por um décimo do produto interno bruto e empregando cerca de um em cada oito egípcios no mercado de trabalho.

No entanto, o número de turistas que visitam o Egito caiu mais de um terço no segundo trimestre de 2011 em comparação ao ano passado, e os guias turísticos temem que a multidão fique longe enquanto o cenário for de incerteza.

"Nem todas as correntes islâmicas são culpadas, mas alguns indivíduos, como el Shahat, entre outros, disseram coisas ridículas", disse Hassan Nahla, guia turístico há 11 anos.

"O objetivo da revolução é melhorar cada setor e cada aspecto da sociedade egípcia, incluindo o turismo... o turismo pode ser desenvolvido. Mas essas pessoas estão falando sobre destruí-lo," acrescentou.

Sob o complexo sistema de votação do Egito, os resultados finais só serão conhecidos dentro de alguns meses e o novo Parlamento não deve assumir até abril.

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