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Ronald Biggs, um dos mentores do assalto, em foto de 1992. Depois de viver 31 anos no Brasil, ele voltou à Inglaterra em 2001 | Sérgio Moraes/Reuters
Ronald Biggs, um dos mentores do assalto, em foto de 1992. Depois de viver 31 anos no Brasil, ele voltou à Inglaterra em 2001| Foto: Sérgio Moraes/Reuters

Polícia achou digitais em jogo de tabuleiro

Tudo saiu de acordo com um plano que demorou vários anos para tomar forma na mente de Bruce Reynolds, que soube da existência do trem pagador em uma conversa na cadeia, em 1960. Reynolds acreditou no início que o assalto era impossível, mas mudou de ideia ao reencontrar em Londres seu antigo parceiro Ronald Biggs. Três anos depois, Reynolds deu início ao projeto. Em poucas semanas, ele conseguiu formar o bando.

Depois do assalto, um dos criminosos deveria queimar o esconderijo onde fizeram a partilha do dinheiro. Mas, por algum motivo, não cumpriu a ordem. Depois da divisão das libras, eles jogaram uma partida de "Banco Imobiliário" ("Monopoly", em inglês), com dinheiro de verdade, para comemorar a proeza. O tabuleiro do jogo foi encontrado pela polícia e, nele, as digitais que levaram aos assaltantes.

Os ladrões tentaram fugir, mas só os líderes do grupo conseguiram: Reynolds, que ficou foragido durante cinco anos no México e no Canadá, e Biggs, que viveu no Brasil durante 31 anos. Em 2001, ele voltou voluntariamente para o Reino Unido.

Biggs teve um filho com a dançarina Raimunda de Castro: Michael Biggs, conhecido por fazer parte do programa infantil Turma do Balão Mágico. Biggs, de 83 anos, está em prisão domiciliar e Reynolds morreu em fevereiro deste ano. Hoje, o valor roubado pelo bando equivale a 47,5 milhões de euros, ou R$ 142,5 milhões.

O assalto ao trem pagador na Inglaterra, lembrado como "o roubo do século", completou 50 anos na última quinta-feira. Reportagens sobre o episódio notaram que o plano adotado pelos ladrões ainda impressiona pela complexidade. Foi um crime "quase" perfeito.

A precisão milimétrica e a preparação cuidadosa fizeram com que 17 criminosos – 15 ladrões e dois informantes – entrassem para a história na madrugada do dia 8 de agosto de 1963 ao interceptar e roubar o conteúdo de um dos trens mais famosos do Reino Unido, carregado com depósitos bancários da Escócia para Londres.

O alvo era a locomotiva que saiu de Glasgow transportando 126 sacos cheios de dinheiro dos bancos situados entre Londres e a capital escocesa. A máquina viajava durante a noite e poucos sabiam o que ela carregava nos vagões.

Embaixo de uma das pontes que o trem atravessaria naquela noite estava o bando de Ronald Biggs e Bruce Reynolds: 15 ladrões escolhidos por causa de habilidades específicas.

Se tudo ocorresse conforme o planejado, eles não precisariam mais trabalhar pelo resto de suas vidas.

Sem violência

A bordo do trem estavam o maquinista, Jack Mills, e seu ajudante, que desceu para descobrir por que o trem tinha parado. Ele deu de cara com os ladrões disfarçados de soldados, que o amarraram sem dizer uma palavra e subiram no comboio.

Mills resistiu e foi golpeado na cabeça com uma barra de metal. Essa foi a única atitude violenta ocorrida durante a operação, concluída em poucos minutos. Cento e dezoito dos 126 sacos de dinheiro foram distribuídos em duas caminhonetes e um caminhão.

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