
Havana - Os cubanos começaram ontem a discutir, em reuniões em seus trabalhos ou em plena rua, as reformas econômicas propostas pelo governo de Raúl Castro. Os debates populares devem durar três meses.
Convocado pelo presidente, a consulta popular se realiza em meio a uma intensa campanha de promoção das medidas com vistas ao VI Congresso do Partido Comunista (PCC), o primeiro desde 1997, que será celebrado em abril, com um atraso de nove anos.
"O povo é quem decide", intitulou na primeira página o jornal do PCC, Granma, ao pedir à população expor seu "critério", mas "dentro do âmbito da Revolução" porque "o que está em jogo é o futuro" do país.
O ponto de vista da discussão é um documento de 32 páginas com 291 temas considerados urgentes por Raúl Castro para tirar a ilha da prostração econômica e evitar que a Revolução fracasse, confrontada pela inevitável morte de seus líderes históricos, que estão na casa dos 80 anos.
O governo aposta em mudar, sem se voltar para o capitalismo, o modelo centralizado herdado da antiga União Soviética de um Estado que controla 90% da economia, desmontar o paternalismo estabelecido desde a vitória da Revolução, em 1959, que levou Fidel Castro ao poder, e colocar seu país a produzir.
O plano inclui medidas de corte de empregos no Estado 500 mil até março do mais de um milhão previsto , a abertura à iniciativa privada e ao capital externo, a descentralização da gestão econômica, a flexibilização do comércio, a eliminação de subsídios e o pagamento de impostos.
Os desafios do país são enormes. Cerca de 80% dos alimentos são importados, apesar de 50% da terra estar sem cultivar, enquanto as colheitas se perdem porque não são feitas.
Encabeçada pelo jornal Granma, a imprensa cubana multiplicou seus apelos ao debate, pedindo uma "mudança de mentalidade" de que o "papai Estado" é obrigado a resolver tudo.



