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O vice Nicolás Maduro terá de enfrentar a oposição nas urnas caso Chávez não se recupere | Jorge Silva/Reuters
O vice Nicolás Maduro terá de enfrentar a oposição nas urnas caso Chávez não se recupere| Foto: Jorge Silva/Reuters

Perfil

Motorista de ônibus, Maduro se destacou como sindicalista

O escolhido de Hugo Chávez como sucessor para a presidência tem uma origem humilde. Natural de Caracas, Nicolás Maduro, 50 anos, trabalhou como motorista de ônibus até o fim dos anos 1990. Durante esse período, construiu uma carreira política como sindicalista.

Maduro se aproximou de Chávez após a tentativa frustrada de golpe militar, em 1992. Sua mulher, Cilia Flores, foi a advogada de defesa do atual presidente, que comandou a operação.

Em 1998, sem nunca ter feito uma graduação, foi eleito parlamentar. A relação com o chefe de Estado rendeu uma indicação para assumir o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela em 2006. Na pasta, lidou com questões como o apoio do país ao governo de Muamar Kadafi, na Líbia, e os entraves diplomáticos com a Colômbia por causa do tráfico de drogas.

"A vivência com o sindicato e com a esfera internacional mostra como Maduro é experiente para ser um possível presidente", diz Fabrício Pereira da Silva, cientista político da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). O professor descreve o sucessor de Chávez como alguém equilibrado com poucas chances de radicalizar o atual modelo do governo.

Ao ser escolhido como sucessor do atual presidente venezuelano, o vice Nicolás Maduro terá a difícil tarefa de dar continuidade ao chavismo sem a participação de seu elemento mais importante, o próprio Hugo Chávez. Nos últimos 14 anos, o governo foi centralizado na figura do chefe de Estado – que desde junho de 2011 luta contra um câncer e ontem passou por uma cirurgia delicada em Cuba.

Até o último sábado, os venezuelanos não tinham certeza de quem seria indicado como sucessor de Chávez. Além de evidenciar a fragilidade da saúde do presidente, o anúncio também mostrou que o chavismo não é exclusividade de uma única pessoa.

Um possível governo de Maduro deve manter os projetos chavistas, como as políticas sociais, o alinhamento com a esquerda e a rejeição aos Estados Unidos. O lado mais populista do governo, no entanto, deve ser deixado de lado, explica Clarissa Franzoi Dri, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

"Maduro possui uma personalidade muito mais discreta que Chávez. Ele não deve ter a mesma aceitação popular", diz. Segundo Clarissa, a relação entre os dois políticos seria análoga às do ex-presidente Lula e de Dilma Rousseff, que o substituiu sem ter o mesmo apelo popular.

A indicação de Chávez, portanto, deve ser essencial para manter a união do grupo que sustenta o governo, o que inclui apoio da esquerda ao novo presidente. "A palavra do líder vai prevalecer", diz Fabrício Pereira da Silva, cientista político da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).

Eleições

Enquanto o presidente está em Cuba para o tratamento, o vice assume como interino. No caso da morte ou impossibilidade de Chávez continuar na Presidência, são chamadas novas eleições presidenciais, segundo a legislação venezuelana. Maduro concorreria a esse páreo pela legenda chavista.

"O grande problema será enfrentar a oposição nessas eleições", observa Clarissa. Em outubro deste ano, Chávez venceu apertado na disputa com o rival Henrique Capriles, que conseguiu 44% das intenções de votos. Isso significa que, embora possa sobreviver sem seu líder supremo, o risco ao chavismo deve aumentar caso a cirurgia do presidente não seja bem-sucedida.

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