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Buldôzeres começaram a retirar as pilhas de destroços de um bairro do sul de Beirute na terça-feira, enquanto equipes do Hezbollah avaliavam os danos e contatavam os moradores para pagar indenizações pelas propriedades destruídas durante o conflito com Israel.

O líder do grupo, Sayyed Hassan Nasrallah, afirmou que o Hezbollah daria início, imediatamente, aos esforços para consertar as casas danificadas pelas bombas e para pagar aluguéis e outros custos, ajudando os proprietários de cerca de 15 mil casas destruídas.

- Sabemos que Sayyed nunca diz algo que não vai cumprir. O Hezbollah mandou que registrássemos nossos dados a fim de recebermos indenizações - afirmou Adnan Mansour, de 46 anos, na frente de sua casa e de duas lojas, onde podiam ser vistos um refrigerador e uma bandeira do Irã. As construções foram destruídas.

- Graças a Deus estamos bem. O dinheiro vem e vai - afirmou Mansour, cujas mãos e roupas estavam cobertas de pó. Abdel-Rahman, filho dele, estava a seu lado, enrolado em uma bandeira amarela do Hezbollah.

A casa deles foi atingida no domingo, no último ataque de Israel contra o subúrbio xiita de Beirute antes de uma trégua patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU) entrar em vigor. O cessar-fogo colocou fim, na segunda-feira, aos 34 dias de combate.

Fumaça ainda saía de um prédio próximo, atingido no mesmo ataque. Várias pessoas vasculhavam, com as próprias mãos, os pedaços de concreto empilhados onde antes havia casas e lojas, retirando dali aspiradores de pó, geladeiras, computadores e álbuns de foto.

Combatentes do Hezbollah, armados com fuzis e portando walkie-talkies, ocupavam postos de controle montados no caminho que leva à área onde antes ficava o quartel-general e os principais escritórios do grupo. As construções foram destruídas por vários ataques de Israel.

- Os esforços (de reconstrução) começam agora. Estamos à disposição de todos para fornecer moradias adequadas e móveis adequados - afirmou a repórteres Sayyed Hashem Safieddin, chefe do Conselho Executivo do Hezbollah.

Apesar de muitos libaneses xiitas parecerem dar apoio ao grupo, outros moradores do país o culpam por arrastar o Líbano para uma guerra violenta que matou mais de 1.100 pessoas, a maior parte delas civis, e que custou bilhões de dólares em danos. Ao menos 157 israelenses também morreram no conflito.

Serviços

O Hezbollah, que conta com o apoio da Síria e do Irã, mantém uma rede de assistência médica, de auxílio social e de instituições de ensino nas áreas de maioria xiita, há muito tempo negligenciadas pelo governo de Beirute.

Uma de suas organizações é a Jihad al-Binaa (Luta Santa pela Reconstrução), que reconstruiu um grande número de casas do sul libanês, danificadas durante confrontos anteriores entre o Hezbollah e Israel.

O grupo também faz pagamentos mensais para as famílias de combatentes e de civis mortos ou feridos. Israel passou a atacar o Líbano depois de o Hezbollah ter capturado dois soldados do país em uma ação realizada no dia 12 de julho, a partir do Líbano.

- O apoio ao Hezbollah serve-se de dois pilares: a resistência (militar) e os serviços sociais - disse Amal Saad-Ghorayeb, um especialista que escreveu um livro sobre o grupo. - O Hezbollah preenche o vácuo que o governo deveria ter ocupado. Ele protege as pessoas e garante o bem-estar delas. O grupo vê a assistência social como parte dos esforços de resistência.

A guerrilha mantém escritórios de representação no subúrbio de Beirute bem como em vilarejos do sul e do leste do Líbano a fim de se informar sobre as necessidades da população civil.

- Sentimos a presença deles entre nós - disse Hayam Ashour, de 44 anos, que fugiu de sua casa, destruída, no vilarejo de Shakra, na fronteira com Israel, para a região oeste de Beirute.

A Jihad al-Binaa reconstruiu a casa dela em 1996. E os filhos e o pai doente dela frequentam uma clínica dirigida pelo Hezbollah, onde recebem tratamento por um preço baixo.

- Estamos esperando que eles reconstruam nossa casa agora - afirmou. - Se não fosse pela resistência, teríamos abandonado nossas casas para nunca mais voltar. Somos fiéis a eles mais do que nunca.

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