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Washington – Uma nova fonte de tensão entre latinos e norte-americanos foi lançada sexta-feira, às vésperas da paralisação nacional de imigrantes programada para amanhã: o Hino dos Estados Unidos em espanhol. Gravada por cantores populares como a mexicana Gloria Trevi e a porto-riquenha Olga Tañón, a versão ganhou espaço na programação de rádios latino-americanas, mas foi rejeitada pelo presidente George W. Bush, para quem o hino só deve ser cantado em inglês.

A música ganhou o nome de Nuestro Himno (Nosso Hino), mas imediatamente recebeu outro rótulo de norte-americanos que se sentiram ultrajados pela iniciativa: Hino do Estrangeiro Ilegal.

"Estamos tratando aqui de uma nação soberana com ideais próprios e nossa identidade nacional, e o hino é um dos ícones da identidade de nossa nação. Eu acredito que ele deveria permanecer em inglês, como foi escrito", estrilou George Taplin, diretor do Minuteman Civil Defense Corps, uma milícia civil cujo objetivo é impedir a entrada ilegal de imigrantes no país.

O presidente George W. Bush foi categórico: "Sou contra a versão em espanhol. Acho que as pessoas devem aprender inglês e cantar o hino em inglês."

Os idealizadores da versão, no entanto, argumentaram que a idéia era justamente fazer com que os imigrantes hispânicos que ainda não sabem inglês pudessem entender melhor a alma do país e, assim, integrar-se melhor à sociedade americana: "A finalidade é disseminar para uma audiência mais ampla os valores contidos no hino", disse Pedro Biaggi, da rádio El Zol, de Washington.

A polêmica contém um dado irônico: segundo uma recente pesquisa, 61% dos adultos desconhecem a letra do hino.

Para Michael Blakelee, vice-diretor executivo da Associação Nacional para a Educação Musical, a versão é útil e necessária. "Os Estados Unidos são uma sociedade pluralista e o hino é uma forma de expressarmos unidade. Creio que a intenção dos idealizadores é mostrar a comunidade hispânica dizendo: ‘Somos parte desta nação’. Esse é um sentimento maravilhoso e uma nobre intenção."

O governo norte-americano tem deixado claro que depende da força de trabalho dos imigrantes, mas a reforma legal não têm traduzido esse reconhecimento. O hino em espanhol foi emblemático: provocou reações daqueles que não aceitam que um estrangeiro tenha direitos iguais aos das pessoas nascidas nos EUA, pelo menos não sem antes pagar multas e comprovar ser um cidadão estritamente necessário ao bem estar do povo norte-americano. Por outro lado, os imigrantes ilegais mostram-se tão seguros de si que parecem esquecer estar num país estrangeiro, com uma identidade própria, e um Hino Nacional.

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