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Pesquisas complicam a Pré-História

Os novos estudos sobre o Homo floresiensis podem resolver, por um lado, a questão da legitimidade da espécie. Por outro, criam novo mistério: o da paternidade do "hobbit’’ – com o potencial de bagunçar mais ainda a história evolutiva do homem.

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São Paulo - Pode estar chegando ao fim uma das controvérsias mais acirradas da antropologia nos últimos tempos. Uma nova análise do esqueleto do hominídeo anão de 18 mil anos apelidado de "hobbit" sugere que a criatura era de fato uma espécie diferente do gênero humano, que encolheu ao passar milênios evoluindo isolada na ilha de Flores, na Indonésia.

O "hobbit", cujo nome científico é Homo floresiensis, foi descrito em 2004 por uma equipe de australianos e indonésios.

Ele sacudiu o mundo científico por ter apenas 1 m de altura (daí o apelido, em homenagem aos baixinhos da saga O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien) e o cérebro do tamanho do de um chimpanzé, mas ainda assim fabricar ferramentas de pedra, morar em cavernas e caçar elefantes pigmeus.

Mas não era só isso: seus descobridores afirmavam que havia evidências de que os H. floresiensis ainda estavam vivos até 12 mil anos atrás, pouco antes de o Homo sapiens inventar a agricultura. Achava-se que o Homo sapiens fosse o último do gênero desde a extinção dos neandertais, há 24 mil anos.

Nem bem a descoberta original foi publicada, na revista Nature, e ela começou a ser contestada. Primeiro pelo arqueólogo mais famoso da Indonésia, Teuku Jacob (morto em 2007), depois por outros.

Eles afirmavam que o H. floresiensis era na verdade um ser humano moderno com microcefalia, uma doença que reduz o tamanho do crânio.

Dois estudos publicados anteontem na mesma Nature sugerem que não era esse o caso. Um deles, liderado por William Jungers, anatomista da Universidade de Stony Brook, nos EUA, analisou o pé esquerdo do fóssil de Flores.

O outro, de Eleanor Weston e Adrian Lister, do Museu de História Natural de Londres, documenta mais um caso de redução de cérebro em animais isolados em ilhas: o dos hipopótamos pigmeus de Madagáscar.

A dupla afirma que o mesmo efeito pode ter ocorrido com os hominídeos de Flores.

"Muitos cientistas, eu inclusive, estávamos em cima do muro, esperando mais evidências", escreveu em comentário aos estudos na Nature o paleontólogo Daniel Lieberman, da Universidade Harvard. "E agora temos algumas."

"O caso está encerrado há algum tempo", disse Jungers. "Este é só mais um prego no caixão da hipótese da doença."

Primitivo

O americano e colegas mostraram que o pé do "hobbit" era primitivo demais para pertencer a humanos modernos.

Ele era muito longo em relação ao corpo: tinha quase 20 centímetros. O dedão era curto, como nos chimpanzés. E, o mais curioso, o hobbit tinha pé chato – a lateral interna dos pés se apoiava no chão, como nos macacos, em vez de fazer um arco como no Homo sapiens.

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