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Casa totalmente destruída pelos confrontos armados em Homs, na Síria: 53 mortos no sexto dia de conflitos | LCC Syria/Divulgação/AFP
Casa totalmente destruída pelos confrontos armados em Homs, na Síria: 53 mortos no sexto dia de conflitos| Foto: LCC Syria/Divulgação/AFP

Forças do regime realizaram um novo ataque à cidade síria de Homs nesta quinta-feira (9), matando mais de 50 pessoas, segundo ativistas, enquanto a ONU ponderava uma missão conjunta com a Liga Árabe para por fim à violência.

Os bombardeios começaram na madrugada, matando 53 pessoas na cidade sitiada e queimando muitos corpos que não puderam ser reconhecidos, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

Tropas do governo que tentam reprimir os opositores do presidente Bashar al-Assad mataram pelo menos 400 pessoas após o sexto dia de ofensivas implacáveis, disseram ativistas.

"Os morteiros estão caindo em cima de nós e as forças do regime estão usando artilharia pesada", disse Ali Hazuri, um médico no distrito de Baba Amr contatado por telefone de Beirute.

Omar Shaker, um ativista em Baba Amr também por telefone, acrescentou que moradores estavam escondidos no térreo dos prédios, já que não há abrigos subterrâneos.

"Quando você se aventura do lado de fora, vê crateras a cada dez metros" disse ele.

Obama

Em Washington, o presidente americano, Barack Obama, denunciou nesta quinta-feira o "banho de sangue atroz" que, segundo ele, está ocorrendo na Síria, em ocasião de um encontro na Casa Branca com o primeiro-ministro italiano, Mario Monti.

Mais de 80 pessoas foram mortas nesta quinta-feira pelas forças do regime de Bashar al-Assad na cidade síria de Homs, principal foco da onda de contestação no centro do país, com a ONU prevendo "um agravamento" do conflito na ausência de um consenso internacional.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que o regime de Assad parece "extremamente determinado" a matar seus próprios cidadãos.

"É muito claro que este é um regime que está extremamente determinado a matar e mutilar seus próprios cidadãos", disse Cameron a repórteres em Estocolmo. "São realmente apavorantes as cenas de destruição em Homs". Ele pediu "transição e mudança na Síria".

Pelo menos 83 pessoas foram mortas em todo o país na quinta-feira, disse o Observatório com sede britânica.

Onze pessoas morreram quando um morteiro caiu na casa onde viviam em Inshaat, nas proximidades de Homs, enquanto outros seis foram mortos em Rastan, uma cidade rebelde na mesma província.

Um médico de Baba Amr disse que um hospital de campanha foi atingido na quarta-feira e "um socorrista da Cruz Vermelha perdeu as duas pernas em um ataque". O CICV informou que ele devia estar se referindo ao Crescente Vermelho.

Emboscada

Em outras localidades, sete membros das forças de segurança morreram em uma emboscada de rebeldes a dois ônibus na cidade de Daraa (sul), berço da revolta contra o regime do presidente Bashar al-Assad, segundo o Observatório.

Sobre o mesmo incidente, a agência de notícias estatal Sana relatou que as autoridades realizaram prisões enquanto frustraram um tentativa de roubo de uma carreta em Daraa.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon disse na quarta-feira que a "brutalidade espantosa" dos ataques a Homs "é um sombrio prenúncio de que o pior está por vir".

Ele sugeriu o envio de uma missão de observação para a Liga Árabe, mas a ideia teve uma morna recepção pelas potencias ocidentais".

O líder do bloco pan-árabe, que suspendeu sua missão de monitoramento de um mês a Síria dia 28 de janeiro, conversou com Ban sobre a missão proposta, que incluiria um enviado da ONU.

O líder da ONU disse que seriam realizadas consultas com a Liga Árabe e com membros do Conselho de Segurança nos próximos dias, "antes de divulgar detalhes".

A França declarou que é preciso haver garantias para a missão. A Alemanha afirmou que essa é uma ideia "muito séria", mas também que as condições necessárias antes de um esforço conjunto poderiam ser oferecidas".

Ban atacou a Rússia e a China pela firme recusa em apoiar as resoluções da ONU condenando a violência na Síria e dizendo que isso encorajou o regime de Assad a continuar sua repressão.

Moscou

Moscou, um aliado de longa data do regime de Damasco, insistiu que qualquer solução para por fim a quase um ano de matança deve vir de dentro da Síria.

Contudo, os Estados Unidos, a França e o Reino Unido rejeitaram esses argumentos enquanto aumentam a pressão sobre a Síria para mudar de rumo.

Apesar do banho de sangue incessante, ativistas pediram aos sírios para saírem às ruas em uma grande manifestação contra a Rússia na sexta-feira, um dia tradicional de transportes após a principal oração dos muçulmanos.

"A Rússia está matando nossas crianças. Seus planos, tanques e vetos também estão matando nossas crianças", diz um banner na página do Facebook da Revolução Síria 2011.

O Conselho Nacional Sírio, que estava reunido no Qatar antes do encontro do fim de semana com os países árabes, disse que a credibilidade russa foi "prejudicada" por essa postura.

"A Rússia precisa restaurar sua credibilidade aos olhos do povo sírio usando sua influência sobre o regime de Assad" para parar imediatamente com os assassinatos e negociar a saída de Assad".

Grupos de defesa dos direitos humanos estimam que mais de seis mil pessoas morreram na repressão desde meados de março.

A Human Rights Watch pediu ao governo sírio que pare de bombardear áreas residenciais de Homs.

"Os responsáveis por esses terríveis ataques terão que responder por eles", disse Anna Neistat do HRW.

A Rússia indicou ter adotado uma posição cautelosa diante das tentativas apoiadas pela ONU de forjar uma coalizão de "amigos da Síria" que devem se reunir na Turquia para coordenar a assistência humanitária para a oposição.

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