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Tegucigalpa - Os Estados Unidos esperam que as eleições de domingo em Hon­­duras virem a página do golpe militar de junho no país, mas a recusa de muitos países em reconhecer o novo presidente pode arruinar a lua de mel da América Latina com Barack Obama. Ana­­listas dizem que a crise em Hon­­duras já esfriou o "recomeço" proposto por Obama nas relações com a América Latina, região considerada durante décadas como um quintal dos EUA.

"Lamentavelmente, a crise em Honduras parece destinada a aprofundar a lacuna entre os Es­­tados Unidos e a maioria dos go­­vernos latino-americanos. Ela criou irritação de ambos os lados e provavelmente deixará um gosto ruim", afirma Michael Shifter, da entidade Diálogo Interame­ricano, de Washington.

Os EUA inicialmente exigiram a restituição do presidente Ma­­nuel Zelaya, deposto por militares em 28 de junho devido a suas tentativas de alterar a Consti­­tuição para disputar um novo mandato. Depois, Washington mediou um acordo que previa a volta de Zelaya ao poder para cumprir o resto do seu mandato, o que legitimaria o resultado da eleição de 29 de novembro. Ago­­ra, no entanto, o governo Obama dá sinais de que poderia aceitar o resultado da eleição mesmo sem o cumprimento do acordo.

O Brasil e outros países latino-americanos mantêm sua posição inicial, colocando-se em rota de colisão com Washington.

O analista Kevin Casas-Za­­mora, do Instituto Brookings, de Washington, diz que a diplomacia norte-americana acabará la­­mentando sua atuação errática na crise hondurenha. "Ou foram terrivelmente incompetentes ou foram terrivelmente cínicos. Em ambos os casos, sua credibilidade para intervir nas futuras crises da América Latina fica muito deteriorada", avalia o especialista.

Muitos na América Latina sentem que os EUA, como maior só­­cio comercial de Honduras, não pressionou suficientemente o governo interino. "Isso expõe o governo Obama a críticas da es­­querda", diz Heather Berkman, da consultoria Eurasia Group. "Mas a crise acabará tendo um im­­pacto mínimo para as relações bilaterais mais importantes dos Estados Unidos: Brasil, México, Chile, Colômbia e Peru", opina.

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