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Pacientes recebem oxigenoterapia em uma instituição de saúde comunitária em Xangai, China, 04 de janeiro de 2023
Pacientes recebem oxigenoterapia em uma instituição de saúde comunitária em Xangai, China, 04 de janeiro de 2023| Foto: EFE

Hospitais, crematórios e cemitérios superlotados: após o fim da hiperrestritiva política Covid Zero, em dezembro, a China está no sufoco com a alta de casos da doença. Em algumas províncias chinesas, quase toda a população foi repentinamente infectada pelo vírus sem ter desenvolvido proteção natural, devido aos quase três anos de isolamento.

Além disso, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgados na semana passada pelo jornal britânico Financial Times, apenas 40% das pessoas com mais de 80 anos receberam uma dose de reforço no gigante asiático.

A suspensão da Covid Zero aconteceu após fortes manifestações populares. Mesmo mais de um mês após o fim das medidas restritivas, protestos continuam a incomodar o regime chinês. No último fim de semana, os confrontos eclodiram entre policiais e trabalhadores em uma fábrica de kits de testes de Covid em um parque industrial na cidade de Chongqing, no sudoeste do país. O setor está sendo pressionado pela alta de casos.

Sem vagas em hospitais e crematórios  

Os hospitais estão tão saturados que os pacientes são atendidos do lado de fora ou nas salas de recepção. Em Xangai, 18 milhões de pessoas foram infectadas em um mês, ou quase 70% da população.

Nos crematórios, os funcionários anunciam que estão sobrecarregados. “Estamos todos muito ocupados, não há mais espaço para os corpos nas câmaras frigoríficas”, disse um deles, sem se identificar, à agência de notícias France Presse.

Mesmo assim, oficialmente a China diz haver 5.273 mortos pela doença desde o início da pandemia, apenas cerca de uma centena a mais do que em dezembro de 2022, uma evidente mentira contada pela ditadura comunista. Segundo a empresa britânica de análises médicas Airfinity, atualmente pode haver 11 mil mortes por dia devido à Covid-19 no país.

Até a Organização Mundial da Saúde (OMS) duvida dos dados. A entidade anunciou na semana passada que “os números atuais publicados pela China sub-representam o impacto real da doença em termos de internações hospitalares, internações em terapia intensiva e, principalmente, em termos de morte".

Economia de mal a pior 

Depois de sofrer com Covid Zero durante todo o ano de 2022, a economia chinesa enfrenta agora o próprio vírus. Durante o fim de semana de passagem de ano, realizaram-se apenas 52 milhões de viagens em todo o país, um aumento pequeno em relação a 2021 (de 0,44%), mas um decréscimo de 58% em comparação a 2019.

Após um ano economicamente catastrófico, em que o crescimento deverá ficar limitado a menos de 3,2% segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), em 2023 a China deverá ter, segundo a agência financeira americana J.P. Morgan, um crescimento de 4,4%. O percentual é maior que o do ano passado, mas ainda assim inferior ao crescimento do país antes da pandemia, que ficava entre 6 e 7%.

Além disso, a China terminou 2022 com um grave problema: o índice PMI dos gestores de compras que mede a atividade industrial, divulgado em 31 de dezembro, marcou 47, seu nível mais baixo desde fevereiro de 2020, quando o surto da pandemia paralisou o país. Foi o terceiro mês consecutivo abaixo da marca de 50, o que marca uma contração da atividade.

Na indústria, as empresas se deparam com a falta de pessoal: “A doença interrompeu nossa fábrica e toda a cadeia de abastecimento. No auge das infecções, no final de dezembro, tivemos mais de 50% de funcionários que não estavam na linha de produção, o que gerou várias paralisações e perdas significativas de receita. Também faltam matérias-primas e peças, já que os fornecedores também são afetados”, disse um engenheiro alemão, executivo de uma empresa de baterias automotivas perto de Xangai, ao jornal francês Le Monde.

O país terá, ainda, dois desafios a cumprir para reorganizar a economia nos próximos meses: tranquilizar os consumidores e reparar o mercado imobiliário. O estudo trimestral do Escritório Nacional de Estatísticas sobre a confiança do consumidor chinês mostra uma queda para um mínimo histórico após o bloqueio de Xangai em abril de 2022. "Agora que a reabertura começou, a confiança deve melhorar em 2023. Mas o estresse no sistema de saúde deve ser significativo durante o primeiro trimestre. Também pode levar alguns meses para que o consumidor recupere a confiança”, disse o analista Ernan Cui, num estudo da empresa de análise de mercado Gavekal Dragonomics.

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