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Astrônomos da Nasa divulgaram nesta quinta-feira que a misteriosa forma de energia que está acelerando a expansão do Universo, a "energia escura", já atuava quando o cosmos era muito jovem, há cerca de 9 bilhões de anos, e esteve presente durante a maior parte da história do Universo. A descoberta, feita com o Telescópio Espacial Hubble, refuta algumas suposições astronômicas e dá mais força a uma teoria de Einstein de quase cem anos.

A existência e as propriedades da energia escura geram um grande debate entre os astrônomos. Essa força repulsiva, que corresponde a 70% de toda a energia do Universo, só se mostra através da interação com a gravidade. "Pense que estamos brincando de cabo-de-guerra. Nós puxamos de um lado e alguma outra coisa, que não conseguimos enxergar, puxa do outro. Nós somos a gravidade. Essa coisa é a energia escura", explica o astrônomo Adam Riess, do Instituto de Ciências do Telescópio Espacial, da Nasa. "A energia escura nos deixa loucos", confessa Sean Carroll, pesquisador do Instituto de Tecnologia da Califórnia, que participou da divulgação dos resultados da Nasa.

A descoberta foi feita quando os cientistas estudaram 23 gigantescas explosões de estrelas -- as chamadas "supernovas" -- que ocorreram há 9 bilhões de anos, quando o Universo, de pouco mais de 13 bilhões de anos, ainda era um jovem garoto. Essas supernovas só estão ao alcance do poderoso Hubble e permitem que os astrônomos estudem os primórdios da formação do cosmos. "Supernovas são nossas sondas cósmicas que desvendam a natureza do Universo", diz Riess.

Ao comparar essas supernovas antigas com as mais jovens, os cientistas encontraram evidências da presença da energia escura, embora com uma intensidade bem mais fraca. Segundo eles, isso é um sinal de que a energia escura tem atuado durante a maior parte da história do Universo, cada vez ganhando mais força. Conforme os bilhões de anos foram passando, ela foi se fortalecendo, até começar a ganhar o "cabo-de-guerra" e a expandir o cosmos, há cerca de 5 ou 6 bilhões de anos.

Há quase cem anos, antes dos telescópios de última geração, Albert Einstein já teorizava sobre uma forma repulsiva de gravidade que emanava do vácuo. Segundo ele, sem uma força para contrabalançar a gravidade do Universo, o cosmos implodiria. A existência da energia escura foi comprovada em 1998. Agora, os cientistas comprovaram outro aspecto da teoria do físico alemão: ela esteve por aqui durante a maior parte do história do cosmos.

A descoberta do Hubble também invalida outras teorias, que admitiam a existência dessa energia, mas afirmavam que ela se modificava rapidamente. "Se fosse assim, nós não conseguiríamos enxergar a energia escura há 9 milhões de anos, porque não saberíamos como ela se apresentava. Mas, não foi esse o caso", diz Riess.

O achado é apenas mais um dos primeiros passos que os astrônomos estão dando para desvendar o grande mistério que é a energia escura. O astrônomo italiano Mario Livio, também do Instituto de Ciências do Telescópio Espacial explica o tamanho do desafio: "Cerca de 70% do Universo é composto por energia escura, como 70% da Terra é composta por água. A humanidade demorou séculos para desvendar a composição da água. Só no século XVIII descobrimos que ela era feita de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio, e só a partir daí pudemos realmente começar a desvendar tudo que ela era capaz. Neste momento, estamos apenas começando a estudar a composição da energia escura".

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