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Na sala Paulo VI, no Vaticano, o papa Francisco participa da audiência ocorrida no último dia 16, ladeado por cardeais e por integrantes da guarda suíça | Paul Hanna
Na sala Paulo VI, no Vaticano, o papa Francisco participa da audiência ocorrida no último dia 16, ladeado por cardeais e por integrantes da guarda suíça| Foto: Paul Hanna

Basílica

Igreja em Almagro une história de Carlos Gardel à do sumo pontíficeEfe

A Basílica de San Carlos Borromeo y María Auxiliadora de Buenos Aires já era famosa por contar com o cantor Carlos Gardel (1890-1935) e o beato Zeferino Namuncurá (1886-1905) entre seus fiéis, mas esse detalhe foi superado por outro de maior relevância: ali nasceu a fé do agora papa Francisco.

Na relíquia arquitetônica do bairro portenho de Almagro, assim como muitos outros descendentes de imigrantes italianos, foi batizado (no Natal de 1936) Jorge Mario Bergoglio, que muitos anos depois passaria a ser arcebispo de Buenos Aires e cardeal primaz da Argentina.

"Ele foi batizado neste local, então podemos supor que sua fé nasceu aqui", afirmou o pároco da basílica, o sacerdote salesiano José Repovz, que abre as portas do batistério onde o agora papa Francisco recebeu o sacramento que marcou o início de sua vida religiosa.

O acaso fez com que Bergoglio, um declarado amante do tango, fosse batizado na mesma igreja na qual, no começo do século 20, o jovem Carlos Gardel cantava no coral, como adverte uma placa fixada nas paredes do local.

Desde a eleição do papa argentino no conclave, os fiéis passam neste local quase íntimo da basílica para fazer um gesto mais que significativo: tocar a pia onde o Santo Padre foi batizado.

  • Nave central da Basílica de San Carlos Borromeo y María Auxiliadora de Buenos Aires, onde Bergoglio foi batizado
  • Vista externa da basílica no bairro portenho de Almagro
  • Paróquia teve como fiéis Gardel e o beato Namuncurá

O papa Francisco ocupa uma posição que é única no planeta. Ele é líder de uma entidade que, tecnicamente, tem 1,2 bilhão de integrantes (este é o número de pessoas batizadas; o de praticantes deve ser menor), encabeçando o que a revista Foreign Affairs define como uma "ampla rede de organizações humanitárias" e também o "serviço diplomático mais antigo do mundo".

Com características assim, a Igreja Católica desempenha um papel protagonista no cenário internacional, para além da influência religiosa. "A autoridade da Igreja e do papa não é a do poder político e econômico – como, por exemplo, a da ONU [Organização das Nações Unidas]", explica a professora Ludmila Andrzejewski Culpi, do Centro Universitário Uninter. "A Igreja é dona de uma autoridade moral, ela é uma instância que garante valores morais."

Análise semelhante faz o professor Kai Enno Lehmann, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo. "Sempre vejo o papel de papas em termos de liderança moral e, talvez, na mudança da agenda das relações internacionais", diz. "Por exemplo, se o novo papa conseguir botar ‘pobreza’ de vez na agenda das políticas internacionais – e os seus primeiros discursos indicam que será uma prioridade para ele –, ele terá feito uma contribuição importante."

Para ficar em um exemplo da influência papal, há a postura de João Paulo II (1920-2005) em relação à Guerra Fria. Falando sobre liberdade de expressão e pregando a paz, ele foi decisivo no processo que acabou com o comunismo soviético.

Argentina ocupa o centro do mundoEfe

Maradona, Evita e Gardel, mitos da história argentina, não conseguiram levar tão longe e em tão pouco tempo o nome do país como fez nos últimos dias o papa Francisco, querido e admirado pelos fiéis de sua terra e até agora um estranho para o resto do mundo.

Com a eleição do sumo pontífice, a Argentina, um país situado no "fim do mundo" – o último território antes da Antártida –, se transformou, em menos de uma semana, no centro do planeta.

Desde que o Santo Padre se declarou amante do mate, do churrasco, do tango e do futebol, essas marcas argentinas estiveram muito presentes nas ruas de Roma e nos meios de comunicação internacionais.

A imagem do papa Francisco com uma cuia de mate na mão, presente de uma jornalista argentina da Santa Sé, chegou rápido a jornais e televisões e, daí, às redes sociais.

Não demorou para que todos aprendessem que Bergoglio o tomava amargo e que costumava fazê-lo inclusive enquanto percorria as ruas dos bairros de Buenos Aires, quando era cardeal.

Pela afeição especial do papa a essa bebida, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, lhe presenteou com um kit completo composto de garrafa térmica, mateira, açucareiro, porta-erva e bomba.

O kit de mate foi elaborado em uma cooperativa argentina, mais especificamente pela artesã Raquel Morales. "Foi uma surpresa tão grande que ainda não me dei conta. A presidente e o papa gostaram. Não posso pedir mais", disse Raquel.

Como bom portenho, o papa Francisco é também um amante da carne na grelha e do tango, que nos últimos dias soou nos arredores da Praça de São Pedro em espontâneos shows em homenagem ao pontífice.

Também é fã do futebol, na verdade do San Lorenzo, um dos cinco times grandes do Campeonato Argentino junto com Boca Juniors, River Plate, Racing e Independiente.

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