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Imigrantes em Nogales, perto da fronteira mexicana com os EUA: muitos atravessam em época de colheita, atraídos pela oferta de trabalho | Alfredo Estrella/AFP
Imigrantes em Nogales, perto da fronteira mexicana com os EUA: muitos atravessam em época de colheita, atraídos pela oferta de trabalho| Foto: Alfredo Estrella/AFP

Trata-se de uma questão que volta à tona por causa da recessão: os imigrantes estão tomando os em­­pregos dos cidadãos norte-americanos? No coração do maior estado agrícola dos Estados Unidos, a resposta é um sonoro "não".Dados do governo mostram que a maioria dos norte-americanos simplesmente não se candidata a colher frutas e vegetais. E os poucos que o fazem não permanecem no campo.

"Não é algo que faça a maioria dos norte-americanos arrumar as malas e se mudar para cá", diz o fazendeiro Steve Fortin, que paga US$ 10,25 por hora para trabalhadores estrangeiros colherem morangos em sua propriedade perto da fronteira com o Estado de Nevada.

Uma análise mostrou que, entre janeiro e junho, os fazendeiros fizeram anúncios para 1.160 empregos no campo, disponíveis para cidadãos norte-americanos e residentes legais. Mas apenas 233 pessoas dentro dessas categorias se inscreveram após tomarem conhecimento das vagas por meio de agências de emprego na Califórnia, no Texas, em Nevada e no Arizona.

"A situação também me surpreende, mas nós disponibilizamos a informação ao público", diz Lucy Ruelas, que gerencia a unidade de serviços agrícolas do Departamento de Desenvolvi­­mento do Emprego da Califórnia. Se o candidato visse a realidade do emprego, poderia mudar de ideia."

Algumas vezes, os trabalhadores norte-americanos se recusam a aceitar o emprego porque não querem que seus pedidos de seguro-desemprego sejam afetados ou porque o trabalho na lavoura co­­meça só alguns meses depois e os candidatos preferem ser contratados imediatamente, diz Ruelas.

O fazendeiro Fortin gastou US$ 3 mil neste ano para assegurar que os norte-americanos fossem os primeiros a saber das vagas que oferecia na faixa pouco povoada do estado, anunciando em jornais e registros eletrônicos de emprego. Mas ele não conseguiu nenhuma resposta, embora te­­nha seguido os requisitos de um pouco conhecido e pouco usado programa para empregar trabalhadores agrícolas estrangeiros de maneira legal, solicitando vistos para trabalhadores convidados.

Os dados da Califórnia representam apenas uma pequena parte do esforço nacional para recrutar trabalhadores domésticos sob o Programa para Trabalhadores Convidados H-2A, mas eles fornecem um instantâneo sobre o quão difícil é para os fazendeiros usarem o programa e atrair os norte-americanos para o trabalho na la­­voura, mesmo no Vale de San Joaquín, onde o desemprego médio chega a 15,8%.

Ilegais

A maioria dos fazendeiros de­­pende de trabalhadores ilegais para colher suas safras, mas eles também podem usar o pouco conhecido H-2A para contratar trabalhadores convidados, contanto que façam a requisição me­­ses antes da época de colheita e provem que nenhum norte-americano quer o emprego.

Dentre os estimados 40.900 fazendeiros e rancheiros da Cali­­fórnia, apenas 34, incluindo For­­tin, fizeram o pedido para levar contratar empregados com esse tipo de visto, segundo dados do governo referentes aos oito primeiros meses deste ano.

Razões

Mais da metade dos trabalhadores agrícolas nos Estados Uni­­dos são imigrantes ilegais, diz o Departa­­mento do Trabalho. De­­fensores de leis mais rigorosas para a imigração – bem como a União dos Trabalhadores Agríco­­las da Amé­­rica (UFW, pela sigla em inglês) – dizem que os fazendeiros estão acostumados a uma força de trabalho barata e geralmente ilegal e que se os salários fossem mais altos e as condições de trabalho melhores, os empregos atrairiam os norte-americanos.

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