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Líbios que escapam de conflito buscam abrigo em Dehiba, na Tunísia | Zohra Bensemra/Reuters
Líbios que escapam de conflito buscam abrigo em Dehiba, na Tunísia| Foto: Zohra Bensemra/Reuters

Fuga

Itália diz esperar 50 mil novos refugiados

O governo italiano disse ontem que espera receber cerca de 50 mil pessoas fugindo da agitação no norte da África e pediu que outros países da Europa ajudem no apoio aos recém-chegados.

"As estimativas mais baixas falam de 300 mil a 400 mil africanos deslocados entre o Magreb e a Líbia", disse o secretário de Estado para assuntos estrangeiros Alfredo Mantica para o jornal La Stampa. "Alguns deles já voltaram para casa, mas a maioria não consegue, especialmente os que vêm do leste da África: sudaneses, etíopes, eritreus e somalis", disse. "A Europa deve cuidar dos refugiados da Líbia. São o ponto crucial do problema. É o que vai mover a discussão sobre o funcionamento do (acordo) Schengen, da solidariedade europeia. Há refugiados sem condições de serem repatriados", afirmou Mantica.

O secretário italiano disse ainda que o número de tunisianos chegando à Itália "reduziu rapidamente e então parou" após o acordo de 5 de abril com a Tunísia que implantou mais vigilância nas áreas costeiras e a repatriação rápida de migrantes tentando entrar na Itália.

Agência Estado

Londres - Enquanto governos da Europa tentam saídas legais para fechar suas fronteiras, aumenta a chegada de imigrantes africanos ao continente com relatos de tragédia no mar e omissão de socorro.

No fim de semana, uma somali chegou a Lampedusa (Itália) em choque. Disse a agentes de ajuda humanitária que viajava com seu bebê num barco que começou a afundar ao sair da Líbia. Ela disse que teve de nadar, até ser socorrida por outra embarcação e que não sabe o que houve com a criança e com os demais passageiros.

Lampedusa (a 120 km da costa da Tunísia), virou símbolo da on­­da de imigrantes iniciada em ja­­neiro, com a queda do ditador tu­­nisiano Ben Ali. Depois, vieram al­­guns egípcios. Agora, há líbios e outros africanos que trabalhavam na Líbia, em fuga da violência.

Segundo relatos, muitos estão sendo obrigados a embarcar em pequenos barcos após terem seus pertences roubados ainda na Lí­­bia.

A Itália diz que mais de 25 mil já chegaram a Lampedusa. Se­­­gun­­do a Organização Internacional para a Migração, foram 1.887 só no último fim de semana.

O jornal britânico The Guardian narrou ontem a viagem de 72 pessoas saídas da Líbia. O barco em que estavam ficou à deriva. Ape­­nas 11 sobreviveram. Segundo os relatos, as pessoas morreram de fome e de sede. Os corpos foram atirados ao mar. Sobreviventes afirmaram ter pedido ajuda a navios e a um helicóptero da Otan (aliança militar do Ocidente), que teriam negado socorro.

A Otan diz não ter sido contatada. A Marinha francesa, apontada como omissa, diz não ter registros de pedido de ajuda no período. O Conselho Europeu prometeu investigar.

Há interesse nas informações dos dois lados. Os imigrantes querem ampliar a visibilidade das tra­­gédias para que haja pressão in­­ternacional. Esperam, assim, conseguir visto de permanência. Já os governos europeus querem classificá-los como migrantes econômicos – não refugiados políticos.

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