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Queda de governo

Impasse no Líbano cria tensão no Oriente Médio

Fim da coalizão libanesa reacende o medo de uma nova onda de violência na região

Militar libanês é visto próximo da bandeira do país: busca por um novo líder deve começar na segunda-feira | Joseph Eid/AFP
Militar libanês é visto próximo da bandeira do país: busca por um novo líder deve começar na segunda-feira (Foto: Joseph Eid/AFP)

Os países do Oriente Médio te­­mem que crise política no Líbano pode se deteriorar ainda mais, após o Hezbollah forçar o fim da coalizão que governava o país desde novembro de 2009. Na quar­­ta-feira, todos os ministros ligados ao grupo extremista renunciaram. Pela legislação do país, quando um terço do gabinete renuncia, o presidente deve formar um novo governo.

O Hezbollah, apoiado pela Síria e pelo Irã, deixou o governo em protesto contra a investigação do Tribunal Especial para o Líba­­no, da Organização das Nações Unidas (ONU), que investiga o as­­sassinato do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri, pai do atual premier Saad Hariri. É possível que o tribunal indicie integrantes do Hezbollah no assassinato.

"O Hezbollah está fazendo uma aposta arriscada, confiante de que seu domínio militar lhe dará vantagem caso a política saia do Parlamento em direção às ruas", disse Steven Heydemann, assessor especial sobre o mundo muçulmano para o United States Institute of Peace, em artigo pu­­blicado pelo site da revista Foreign Policy.

Ontem, duas granadas foram jogadas contra a sede do Movi­­mento da Frente Patriótica, do político cristão Michel Aoun, aliado do Hezbollah. Ninguém ficou ferido, mas o ataque evidenciou o clima de forte tensão que se agravou no país após a queda do go­­verno.

Na fronteira com o Líbano, as tropas de Israel foram colocadas em alerta (leia mais ao lado). Em Doha, representantes da Liga Ára­­be analisavam a proposta para uma reunião de emergência para tratar da crise libanesa.

O secretário-geral da Liga Ára­­be, Amr Moussa, disse estar preocupado com a possibilidade de o Líbano entrar novamente no caos. "Isso é ruim, tenso, ameaçador", disse ele sobre a situação. "Todos nós temos de trabalhar juntos para chegarmos a algum tipo de acordo."

Cenários

Segundo analistas, uma solução possível para a atual crise seria o próprio Saad Hariri deslegitimar o tribunal da ONU – como primeiro-ministro, ele tem poder pa­­ra isso. Mas a opção o colocaria numa situação delicada: além de a investigação em curso ser a respeito da morte de seu próprio pai – enfraquecê-la pegaria muito mal perante a comunidade sunita, sua base de apoio –, ele deixaria de ter qualquer autoridade ca­­so abandonasse as regras da lei.

Ontem, o líder do Parlamento do Líbano, Nabih Berri, disse que as consultas para indicar um no­­vo primeiro-ministro para o país começarão na segunda-feira da próxima semana.

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