
Os países do Oriente Médio temem que crise política no Líbano pode se deteriorar ainda mais, após o Hezbollah forçar o fim da coalizão que governava o país desde novembro de 2009. Na quarta-feira, todos os ministros ligados ao grupo extremista renunciaram. Pela legislação do país, quando um terço do gabinete renuncia, o presidente deve formar um novo governo.
O Hezbollah, apoiado pela Síria e pelo Irã, deixou o governo em protesto contra a investigação do Tribunal Especial para o Líbano, da Organização das Nações Unidas (ONU), que investiga o assassinato do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri, pai do atual premier Saad Hariri. É possível que o tribunal indicie integrantes do Hezbollah no assassinato.
"O Hezbollah está fazendo uma aposta arriscada, confiante de que seu domínio militar lhe dará vantagem caso a política saia do Parlamento em direção às ruas", disse Steven Heydemann, assessor especial sobre o mundo muçulmano para o United States Institute of Peace, em artigo publicado pelo site da revista Foreign Policy.
Ontem, duas granadas foram jogadas contra a sede do Movimento da Frente Patriótica, do político cristão Michel Aoun, aliado do Hezbollah. Ninguém ficou ferido, mas o ataque evidenciou o clima de forte tensão que se agravou no país após a queda do governo.
Na fronteira com o Líbano, as tropas de Israel foram colocadas em alerta (leia mais ao lado). Em Doha, representantes da Liga Árabe analisavam a proposta para uma reunião de emergência para tratar da crise libanesa.
O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, disse estar preocupado com a possibilidade de o Líbano entrar novamente no caos. "Isso é ruim, tenso, ameaçador", disse ele sobre a situação. "Todos nós temos de trabalhar juntos para chegarmos a algum tipo de acordo."
Cenários
Segundo analistas, uma solução possível para a atual crise seria o próprio Saad Hariri deslegitimar o tribunal da ONU como primeiro-ministro, ele tem poder para isso. Mas a opção o colocaria numa situação delicada: além de a investigação em curso ser a respeito da morte de seu próprio pai enfraquecê-la pegaria muito mal perante a comunidade sunita, sua base de apoio , ele deixaria de ter qualquer autoridade caso abandonasse as regras da lei.
Ontem, o líder do Parlamento do Líbano, Nabih Berri, disse que as consultas para indicar um novo primeiro-ministro para o país começarão na segunda-feira da próxima semana.



