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A Índia não deve aceitar qualquer limite às emissões de carbono numa próxima fase do Protocolo de Kyoto porque isso prejudicaria sua economia, embora analistas prevejam que os países desenvolvidos continuarão a pressionar Nova Délhi nesse sentido.

A Índia, que tem a terceira maior economia da Ásia e onde vive um sexto da humanidade, tem algumas das cidades mais poluídas do mundo, muitas delas continuamente envoltas em uma nuvem de fumaça de carros e indústria, que irrita os olhos de seus habitantes.

E a demanda por energia no país deve crescer nas próximas décadas, provocando mais poluição, apesar do crescente temor a respeito do aquecimento global.

O Protocolo de Kyoto exige que até 2012 os países desenvolvidos reduzam suas emissões de gases ligados ao efeito estufa em 5,2% em relação aos níveis de 1990. Estados Unidos e Austrália não ratificaram o pacto, e países em desenvolvimento, como China e Índia, estão isentos desses limites. Todos argumentam que as restrições prejudicam suas economias.

O apetite chinês por petróleo e carvão é ainda maior que o indiano. Os dois países devem ser pressionados a restringir suas emissões de dióxido de carbono (CO2) e outros gases durante a cúpula sobre mudança climática que acontece a partir do fim do mês no Canadá.

A reunião de Montreal ajudará a dar forma à próxima fase de Kyoto, a partir de 2012. Mas, diante das inúmeras discordâncias, a possibilidade de acordo é remota.

- Não há como alguém esperar que países como a Índia limitem suas emissões pelos próximos 20-25 anos - disse S.K. Joshi, importante autoridade do Ministério do Meio Ambiente.

Embora as cidades indianas sejam tão poluídas devido à industrialização acelerada, as emissões per capita do país ainda são relativamente baixas - 0,25 tonelada de carbono em 2001, menos de 25% da média mundial e uma pequena parcela da média americana.

Ao mesmo tempo, a contribuição indiana às emissões mundiais de carbono deve crescer a uma média anual de 3% até 2005, graças aos seus ambiciosos planos no setor energético. O crescimento nos EUA, como termo de comparação, deve ser de 1,5 %.Segundo as estimativas da indústria, o consumo de petróleo na Índia deve crescer dos 2,65 milhões de barris por dia de 2004 para 2,8 milhões até 2010.

Para substituir as emissões de poluentes por tecnologias mais "limpas", a Índia formou em julho com outros cinco países - EUA, China, Austrália, Coréia do Sul e Japão - a chamada Parceria Ásia-Pacífico para o Desenvolvimento Limpo e o Clima.

- Ao aderirmos à parceria não comprometemos de forma alguma a nossa posição. Isso está complementando o Protocolo de Kyoto. Mais uma abordagem, uma abordagem alternativa para todo o processo de tratar da questão da alteração climática - disse Joshi.

Ambientalistas prevêem que a Índia não aceitará nenhuma meta obrigatória de redução após 2012.

- Kyoto é pouco e tarde demais. Ninguém pode dizer que se trata de um mecanismo eficaz de controle da alteração climática - disse Sunita Narain, diretora da ONG Centro para a Ciência e o Meio Ambiente,

- Não houve grandes mudanças estruturais para combater a alteração climática no Hemisfério Norte. O uso de combustíveis fósseis continua. E a pressão vai continuar a crescer para que Índia e China assumam compromissos.

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