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Metade dos
1,2 bilhão de habitantes da Índia tem 25 anos ou menos e os níveis de escolaridade são preocupantes | Dibyangshu Sarkar/AFP
Metade dos 1,2 bilhão de habitantes da Índia tem 25 anos ou menos e os níveis de escolaridade são preocupantes| Foto: Dibyangshu Sarkar/AFP

Há mais de duas décadas, M.A. Hakeem faz um trabalho que, pode-se dizer, deveria ser do go­­verno indiano. Sua escola particular, a Holy Town High School, já educou milhares de estudantes pobres, apertando-os em sa­­las de aula pequenas onde, quando há falta de eletricidade, as crianças simplesmente aprendem no escuro.

Os pais de alunos do bairro pobre e predominantemente muçulmano onde se encontra a Holy Town não se incomodam com as condições precárias. Eles gostam da mensalidade baixa (a partir de US$ 2 por mês), o currículo de língua inglesa e o nível de sucesso em provas padronizadas. De fato, escolas de baixo custo como a Holy Town integram uma rede que hoje domina a educação na cidade do sul da Índia, onde cerca de dois terços dos alunos frequentam instituições particulares.

"Uma responsabilidade que deveria ser do governo", disse Hakeem, com uma mistura de orgulho e desprezo, "virou nossa responsabilidade."

Na Índia, a escolha de viver fora do sistema falho de serviços governamentais costuma ser reservada aos ricos e à classe média, que podem pagar por complexos habitacionais particulares, hospitais particulares e escolas particulares. Mas, com o crescimento econômico da Índia nas últimas duas décadas, um número cada vez maior de pais pobres está se esforçando para mandar seus filhos para escolas particulares baratas, na esperança de tirá-los da pobreza.

Nacionalmente, a grande maioria dos estudantes ainda frequenta escolas públicas, mas o aumento do número de escolas particulares criou sistemas de educação paralelos – sistemas que agora estão se chocando. Diante das fortes críticas ao estado precário das escolas públicas, políticos indianos sancionaram uma lei abrangente cuja intenção é reverter o declínio dessas instituições. Mas os céticos acreditam que a litania das novas exigências poderia também acabar com muitas das escolas particulares que hoje educam milhões de estudantes.

"É impossível cumprir tudo isso", disse Mohammed Anwar, que administra uma rede de es­­colas particulares em Hyderabad e está tentando organizar uma campanha nacional para alterar as exigências. Referindo-se à lei, ele disse.

"Se seguirmos o Direito à Educação, ninguém conseguirá administrar uma escola."

A educação é um dos desafios mais graves para a Índia. Metade dos 1,2 bilhão de habitantes do país tem 25 anos ou menos, e os níveis de escolaridade, embora estejam melhorando, poderiam prejudicar os planos de longo prazo do país. Em muitos estados, a educação pública está completamente desorganizada, com muitos professores deixando de comparecer às aulas. A "de­­coreba" ainda prevalece. A língua inglesa, considerada pré-requisito para qualquer emprego administrativo na Índia, ainda não é o meio de ensino.

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