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A designação ainda preliminar da Amazônia como Maravilha da Natureza no dia 11 de novembro passado foi recebida com esperança pelos habitantes nativos da parte peruana da floresta, que se esforçam para fazer com que sua cultura, territórios e direitos sejam reconhecidos pelo restante da população do Peru.

O deputado Eduardo Nayap, da etnia aguaruna, o primeiro nativo amazônico a chegar ao Congresso peruano nos 200 anos de independência do país, diz à Agência Efe que os habitantes da floresta estão "trabalhando para ter representatividade, para ter líderes que possam dialogar com o Estado".

Trata-se, segundo ele, de uma população que até pouco tempo atrás não fazia parte da consciência nacional e que, ou foram ignorados, ou considerados "como cidadãos de segunda ou terceira categoria".

A Amazônia peruana abriga 65 povos indígenas, agrupados em 12 famílias linguísticas, de acordo com o Centro Amazônico de Antropologia e Aplicação Prática (CAAAP).

Ashaninkas, amueshas, aguarunas, boras e shipibos-conibos são apenas alguns dos povos que ocupam um extenso território que abrange mais da metade do país, embora seus habitantes representem unicamente 1,18% da população peruana, segundo o último censo, elaborado em 2007 pelo Instituto Nacional de Estatística e Informática do Peru (Inei).

Nem litorâneos, como os habitantes da capital e os da região mais povoada do Peru, nem serranos, como os tradicionais andinos e os habitantes das cidades históricas peruanas, os selváticos ainda parecem praticamente invisíveis a seus compatriotas.

Esta falta de atenção, segundo o deputado, ocorreu mesmo a Amazônia peruana sendo uma área florestal de 736.445 quilômetros quadrados, que ocupa 62% do território do país.

"Nós precisamos da presença do Estado em uma educação intercultural, em uma saúde (de tipo) ocidental que respeite a sabedoria e a medicina natural que sempre tivemos, em uma infraestrutura viária que nos permita a comunicação com as grandes cidades do país e de um organismo que nos represente no Estado", destaca o político.

Nayap, da base aliada do governo de Ollanta Humala, diz que, por esse motivo, os nativos da região estão "lutando para que os direitos dos indígenas sejam reconhecidos e aplicados", porque veem "uma grande ausência do Estado nas comunidades nativas, e isto sempre se notou".

O congressista ressalta, no entanto, que o governo do presidente Humala tem uma forte inclinação a trabalhar em prol das camadas mais desfavorecidas da população, sob o tema da inclusão social. "Ele está dando participação aos indígenas nos assuntos do Estado".

Os habitantes da Amazônia peruana também são mais vulneráveis aos efeitos da mudança climática. Seu território é, atualmente, palco de atividades extrativistas legais e ilegais, mineração, madeireiros e pesca fluvial.

Nayap lembra ainda a existência de um tratado de integração elétrica entre Peru e Brasil, assinado em junho de 2010, além de planos de construção de grandes obras para a geração de energia hidráulica na região.

"Nós, indígenas, não nos opomos aos investimentos, não nos opomos ao desenvolvimento. Nós exigimos que haja desenvolvimento, mas exigimos que se faça com respeito a nossa forma de viver, com respeito a nossa forma de pensar", enfatiza.

Segundo o Serviço Nacional de Áreas Naturais protegidas pelo Estado do Ministério de Ambiente (Sernanp), a Amazônia peruana conta com 16 áreas naturais, destinadas a proteger a biodiversidade daquela que é considerada a maior reserva ecológica do mundo, eleita preliminarmente pela fundação New7Wonders como uma das Sete Maravilhas da Natureza.

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