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Brasil tem estoque estratégico de 9 milhões de Tamiflu em pó, remédio usado contra a gripe suína | Herwig Prammer/Reuters
Brasil tem estoque estratégico de 9 milhões de Tamiflu em pó, remédio usado contra a gripe suína| Foto: Herwig Prammer/Reuters

São Paulo - Médicos infectologistas recomendam aos brasileiros, em primeiro lugar, calma diante das notícias sobre a gripe suína no mundo. A doença pode ter matado 149 pessoas no México e há casos suspeitos nos Estados Unidos e na Europa.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou na tarde de ontem medidas para contenção da doença nos portos e aeroportos do país. Para quem não viajou para países com casos de gripe suína, os especialistas indicam cuidados semelhantes aos recomendados para evitar uma gripe comum. Quem voltou de regiões atingidas pelo vírus deve ficar atento aos sintomas por até dez dias.

Usar máscara cirúrgica no Brasil sem ter viajado para o exterior é um exagero, diz o infectologista Gustavo Johanson, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A máscara é recomendada apenas para quem retornou dos países com casos suspeitos e apresenta algum sintoma da gripe. Segundo o médico, cuidados simples, como lavar as mãos frequentemente e evitar conversas próximas com quem tem sinais de gripe, são eficientes para evitar o contágio. A transmissão da gripe suína se dá entre humanos de forma direta ou indireta, ou seja, passa tanto por gotículas de saliva quanto pelo compartilhamento de objetos.

O infectologista Pedro Tauil, da Universidade de Brasília (UnB), recomenda que as pessoas adiem viagens para países que registram casos de gripe suína. A quem volta dessas regiões, Tauil indica ficar atento a possíveis sintomas por dez dias.

"O período inclui uma margem de segurança, pois, se a pessoa se infecta, pode passar o vírus por até sete dias", diz o médico. "Se ela tiver qualquer gripe nesse período, deve se dirigir a uma autoridade sanitária." Os sintomas da gripe suína são febre de 39ºC ou mais, tosse seca e dores muscular e de cabeça.

Remédio

Especialistas enfatizam que não existe qualquer indicação, no momento, de se utilizar medicamentos contra a gripe suína no Brasil porque não há evidência da circulação do vírus da doença no País. "O governo tem estoque e pede para que as pessoas aguardem as instruções. Mas aqui sempre vai aparecer alguém querendo vender o remédio. Esse é o perigo, que o medo leve à procura, e que isso cause pânico. As pessoas devem é esperar a orientação", afirmou o infectologista Vicente Amato Neto, professor aposentado da Universidade de São Paulo e pesquisador do Instituto de Medicina Tropical.

"Ninguém deve tomar a droga de forma indiscriminada. O remédio deve ser usado somente de acordo com recomendações do Ministério da Saúde de cada país e em casos específicos", afirmou no sábado à reportagem o gerente de Vigilância em Saúde, Prevenção e Controle de Doenças da Organização Pan-Americana de Saúde, Jarbas Barbosa. "Caso haja um uso abusivo, o mundo corre o risco de ficar sem a única arma atualmente disponível para combater o vírus", completou.

O Ministério da Saúde brasileiro deve receber ainda esta semana 54 mil doses de oseltamivir, medicamento da Roche cujo nome comercial é Tamiflu e que poderá ser usado em uma eventual ocorrência de gripe suína no País. A compra do medicamento havia sido feita em janeiro, seguindo um protocolo de rotina previsto no plano de contingência para uma pandemia de gripe. Assim que for entregue, o produto deverá ser distribuído para 51 hospitais definidos como de referência no tratamento da doença.

Além do remédio pronto, o país tem um estoque estratégico de 9 milhões de doses de Tamiflu, em pó – estágio anterior ao que é usado no tratamento. Adquirida em 2006, a droga está armazenada em grandes tonéis. O lacre dos recipientes somente será aberto caso haja necessidade de uso em grande escala no país.

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