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Ele ‘fala pelos cotovelos’ (*), não é ‘mala-sem-alça’ e não tem medo de ‘quebrar a cara’. Foi exatamente por conta de expressões como essas que o inglês Jack Scholes resolveu criar o seu oitavo livro: "Break the branch? Quebrar o galho".

Na obra, Scholes não tem a intenção de ‘pegar no pé’ por causa dos erros cometidos por estrangeiros que chegam ao Brasil, mas sim dar uma mão para os gringos que têm algum conhecimento da língua portuguesa e que tropeçam em expressões ou gírias.

"Tem palavras com vários sentidos diferentes daqueles que se ensina em cursos ou escolas. A pessoa aprende a dizer ‘bom dia’ e quando entra no elevador escuta um ‘beleza’ ou ‘belê’", lembra.

E foi justamente por conta de uma delas que surgiu o "estalo" para fazer o livro que pode livrar os estrangeiros de pegadinhas. Uma delas, contada pelo autor, é: evite falar a palavra ‘pão-duro’ caso não esteja muito familiarizado com a pronúncia do português.

"Fica muito fácil 'pão' virar 'pau' na hora de falar. E daí se tem o risco de qualquer piada", conta ele, que sofreu no primeiro dia em que chegou em uma padaria e pediu um pão na chapa. "Melhor dizer avarento ou mesmo mão-de-vaca", diz ele, comentando dois exemplos do seu novo livro.

Morando em São Paulo há cerca de 30 anos 'por acaso', Scholes já sacou o 'jeitinho brasileiro' e nem se incomoda quando alguém fala perto dele que é preciso fazer algo para ‘inglês ver’. Aliás, ele, que é gringo, é o primeiro a chamar os estrangeiros de gringos. É mais uma forma de mostrar que não está só adaptado ao país como também ao humor brasileiro, "que não é cínico como o inglês".

Além da história do pão, o britânico teve que ‘ralar’ ao ser questionado se iria ‘pular carnaval’ em sua primeira passagem pelo Brasil no final da década de 1970.

"Na hora pensei: saltar é jump. Jump é pular, ou seja, não ir ao carnaval", conta. "Depois eu entendi o que significava, mas na hora eu respondi que não iria pular o carnaval", completa, rindo.

Mas se pensa que foi o carnaval que segurou o britânico em terras brasileiros, doce engano. Primeiro foi o fato de ter sido roubado na China no início dos anos 70. Depois, já de volta à Inglaterra, resolveu retornar aos estudos até receber uma proposta do Conselho Britânico para trabalhar em São Paulo.

Inicialmente, ele não gostou da cidade. Depois, propostas de trabalho fizeram Scholes permanecer no país. De proposta em proposta e de trabalho em trabalho, adotou São Paulo, onde mora com os dois filhos.

"Não existe cidade perfeita no mundo", conta ele, que já passou por França, Alemanha, Nepal, China, México e diversos outros países.

Trabalhando sem parar, Scholes não parece fugir do estigma de ‘pai coruja’ e bem habituado à língua portuguesa e não mistura ‘alhos com bugalhos’. Isso não impede, porém, de mostrar que ainda carrega um pouco do sotaque de um estrangeiro ao falar o português.

Assim como também não esconde seu lado britânico ao contar histórias sobre a (falta de) pontualidade dos brasileiros. Aliás, história é o que não falta para este escritor que faz obras para ingleses, alemães, japoneses e brasileiros verem.

"É um livro para se ler aos poucos, no banheiro, no carro... Não é um romance para se ler de uma vez", diz ele, com um português que pode até ‘não ser uma Brastemp’, mas que tem ‘jogo de cintura’ para sair de qualquer ‘saia justa’. "Escrevo realmente pensando no leitor", conclui.

Serviço:

Obra: Break the Branch? Quebrar o galho Editora: Disal

Preço de capa: R$ 28,50 (com desconto no site da editora: www.disal.com.br)

Autor: Jack Scholes

(*) todas as palavras entre aspas constam no livro

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