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Refém que escapou das Farc após 9 anos no cativeiro chega a Bogotá

O policial fugiu de seus captores há vários dias e foi encontrado na selva.

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A ex-candidata à presidência da Colômbia Ingrid Betancourt está viva, assim como três americanos seqüestrados pela guerrilha das Farc, afirmou na quarta-feira um suboficial da polícia que escapou do grupo rebelde.

"A última vez que os vi foi no dia 28 de abril deste ano, mas não falamos do seqüestro porque é um tema tão abordado que depois de nove anos não se fala disso, e sim de temas familiares", disse o suboficial da polícia John Frank Pinchao Blanco em uma entrevista coletiva à imprensa na Presidência da República.

O policial escapou das Farc em uma região de selva do departamento de Vaupés após nove anos de cativeiro. Ele caminhou pela mata fechada durante 17 dias até ser encontrado por um comando da Policía Antinarcóticos.

"Na última ocasião, estive com os três americanos, Keith, Tom, Mark. Mark está com hepatite agora", acrescentou.

O suboficial se referiu assim aos americanos Tom Howes, Keith Stansell e Mark Gonçalves, seqüestrados pelas Farc no dia 13 de fevereiro quando o avião no qual viajavam pelo departamento de Caquetá foi derrubado pelo grupo rebelde.

Pinchao também informou que se reuniu com a candidata à vice-presidente na chapa de Betancourt, Clara Rojas, e confirmou que ela tem um filho, fruto de um relacionamento com um guerrilheiro das Farc.

"Quando nos separaram em grupos, vi Clara e simplesmente a saudei. Não tive mais contato com ela. Ela teve um filho, hoje em dia deve ter mais ou menos três anos. Só sei que se chama Enmanuel", disse o suboficial aos jornalistas.

Pinchao ressaltou: "Na mente de cada seqüestrado, o principal pensamento é a liberdade. E alguns querem dar tudo por isso e outros não. Decidi dar tudo e aproveitei as circunstâncias, e graças a Deus, apesar de pensar que Ele não existia, foram as decisões de Deus que me trouxeram a liberdade".

Com os olhos marejados, o suboficial disse que espera que os que permanecem seqüestrados "vejam logo a luz da liberdade" e manifestou sua esperança de que não estejam passando por momentos difíceis devido a sua fuga.

O suboficial declarou que no cativeiro também se encontrou com o senador Luis Eladio Pérez, seqüestrado no dia 10 de junho de 2001 na zona rural do município de Ipiales, no departamento de Nariño.

Em seguida, disse que em várias ocasiões helicópteros militares sobrevoaram o local onde estavam, o que os fez "cantar vitória".

"Por fim chegou o resgate, embora saibamos que o resgate significa morte, porque já nos advertiram que a responsabilidade deles (os guerrilheiros) 'é nos manter vivos, mas no momento em que chegar o resgate e não possamos mantê-los vivos, é preciso matá-los, pois vivos não os deixaremos ir'", lembrou Pinchao.

O suboficial disse que os seqüestrados esperam apenas um resgate ou a morte, "embora alguns não queiram isso, mas já estão resignados a morrer pelo tiro de um guerrilheiro ou em um resgate da força pública".

Enquanto isso, a família de Ingrid Betancourt manifestou esperança ao receber as declarações de Pinchao.

"É uma grande esperança para nós. É a primeira vez que alguém diz que viu minha mãe nestes cinco anos. É um testemunho muito forte", declarou em Paris à AFP Melanie Delloye-Betancourt, filha mais velha da ex-candidata à presidência da Colômbia seqüestrada desde fevereiro de 2002.

"Como há quatro anos não temos nenhuma prova de vida de minha mãe, se alguém pode confirmar que a viu depois desta data é uma grande alegria", acrescentou Melanie Delloye, de 21 anos.

No entanto, a jovem não escondeu a prudência com a confusão de datas feita pelo ex-refém. "Ele está um pouco desorientado depois de um cativeiro tão longo e não sabemos exatamente se quis dizer que a viu em abril deste ano ou há dois anos e meio", acrescentou.

A mãe de Betancourt também expressou otimismo.

"É uma boa notícia, mas estou preocupadíssima de que agora (o Governo) queira realizar uma operação militar de resgate. O importante é que Ingrid e todos os seqüestrados saiam com vida", disse Pulecio à AFP.

Betancourt, 45 anos, foi seqüestrada no dia 23 de fevereiro de 2002 ao lado da candidata à vice-presidência, Clara Rojas, quando viajavam por uma estrada do sul do país em campanha.

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