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O presidente da Argentina, Alberto Fernández, chega ao Aeroporto Internacional Ngurah Rai antes da Cúpula do G20 em Bali, Indonésia, 14 de novembro de 2022.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, chega ao Aeroporto Internacional Ngurah Rai antes da Cúpula do G20 em Bali, Indonésia, 14 de novembro de 2022.| Foto: EFE

"A América Latina sempre refletiu uma grande instabilidade política e institucional, mas não como nos últimos tempos", disse à Agência EFE Juan Battaleme, diretor acadêmico do Conselho Argentino para as Relações Internacionais (CARI).

"Hoje existe instabilidade política no Peru, Bolívia, Argentina, Brasil, Colômbia, Venezuela e América Central, e isto faz parecer que existe um elevado grau de instabilidade", analisou.

Estes altos e baixos, segundo o membro do International Institute for Strategic Studies (IISS), "provêm de um maior grau de polarização social e da pouca possibilidade de melhora dentro de um período de tempo razoável".

Esta crise é agravada pela perda de credibilidade do sistema democrático, argumentou José Miguel Vivanco, membro sênior para Direitos Humanos do instituto de pesquisa americano Council on Foreign Relations.

A maioria dos sistemas democráticos da região oferece a possibilidade de recompensar ou punir os governantes em exercício quando as eleições são convocadas, lembrou Vivanco.

"Isto mostra que os cidadãos estão exercendo controle através das urnas, mas ao mesmo tempo é uma prova de grande frustração", analisou Vivanco, que foi durante muitos anos diretor da Human Rights Watch para a América.

A situação econômica adversa e as suas consequências para a população são, na opinião desses analistas, o principal fator por trás da agitação política e social.

Os problemas de insegurança alimentar, polarização e perda de competitividade explicam "porque temos retrocesso democrático", de acordo com Battaleme.

"O caudilhismo nunca sai da América Latina e isso leva ao surgimento de líderes que oferecem soluções fáceis que tentam canalizar a agitação social", comentou o diretor acadêmico do CARI.

As dificuldades econômicas são um fator importante, na opinião de José Miguel Vivanco, porque "quando uma economia deixa de crescer, gerando empregos e melhores oportunidades, cresce a insegurança. Se o desenho institucional é precário e não permite o surgimento de partidos políticos fortes, como no caso do Peru, gera uma maior instabilidade política", enfatizou.

O isolamento internacional do Peru, o ataque à democracia no Brasil e o recente confronto diplomático entre a Guatemala e a Colômbia são também circunstâncias que estão a afastar ainda mais as possibilidades de integração regional.

"A integração regional funciona mal porque as realidades e os objetivos dos países são completamente diferentes", diz Juan Battaleme.

Neste contexto, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), cuja sétima cúpula será realizada nesta terça-feira em Buenos Aires, é não apenas um fórum de coordenação, mas também "uma arena para a China implementar parte das suas ações políticas em relação à região".

"A integração é o resultado de interesses econômicos e políticos em comum, e isto não acontece na América Latina", de acordo com Battaleme, para quem "a última grande oferta de integração flexível" foi a Alca (Área de Livre-Comércio das Américas, promovida pelos EUA).

A adoção em 2001 da Carta Democrática Interamericana foi uma "tentativa genuína" de avançar nesta integração, mas a realidade duas décadas depois é que "a região não pode ser mais fragmentada", lamentou José Miguel Vivanco.

"O projeto que tem ganhado força é o do populismo, um populismo que é geralmente autoritário. Hoje, cada um está por conta própria e esta desejada unidade regional é parte da retórica dos discursos, mas na prática não tem conexão com a realidade", afirmou Vivanco.

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