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A Internacional Socialista enfrenta um dilema sobre a representação da Venezuela e está dividida entre a aceitação do pequeno partido pró-governo "Podemos" e a suspensão do antigo "Ação Democrática", que denuncia uma "infiltração do chavismo" no máximo foro socialdemocrata.

No fim de semana passado, em Genebra, a Comissão de Ética recomendou a 400 delegados do encontro bianual do conselho da IS, que agrupa 161 partidos políticos do mundo inteiro, a suspensão do AD, que decidiu boicotar as eleições legislativas venezuelanas de 2005 e as presidenciais de dezembro.

A reunião da IS decidiu aceitar como observador o Podemos, um partido pró-governo que, mesmo assim, sustenta uma polêmica com o presidente Hugo Chávez sobre a unificação do oficialismo.

O tema deverá ser resolvido no próximo Conselho da IS em dezembro.

Com 33 anos na IS e 66 anos de vida, o AD se revezou por 40 anos no poder com o Partido da Democracia Cristã (Copei), até a vitória eleitoral de Chávez em 1998, e ocupou a vice-presidência socialdemocrata com o ex-presidente Carlos Andrés Pérez.

"Essas decisões provam que a Internacional Socialista está infiltrada completamente pelo chavismo", disse aos jornalistas Víctor Antonio Bolívar, presidente do AD, que representou o partido em Genebra.

Segundo ele, Chávez "introduziu o Podemos na IS como cavalo-de-tróia para provocar um racha".

O secretário-geral do AD, Henry Ramos Allup, disse que um setor dos socialdemocratas espanhóis ofereceu sua mediação entre AD e Chávez, em troca de apoio para o ingresso do Movimento V República de Chávez na socialdemocracia internacional.

Allup declara, porém, que junto com ex-presidente socialista chileno Ricardo Lagos, o PSOE (do presidente espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero) expressou em Genebra sua insatisfação com as recomendações da Comissão de Ética.

Bolívar contou que, na comissão, estiveram muito ativos os representantes mexicanos do Partido da Revolução Democrática (PRD), do ex-candidato presidencial Andrés Manuel López Obrador e os uruguaios do Novo Espaço e o Partido Socialista, da coalizão que apóia o presidente Tabaré Vázquez.

Os socialdemocratas venezuelanos afirmam que o PDT brasileiro, que está no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, fez parte da Comissão de Ética.

O partido venezuelano AD e o Copei protagonizaram uma estrondosa queda do sistema de partidos na Venezuela, que abriu espaço para a liderança do presidente Chávez, que entrou na política com um frustrado golpe de Estado, em 1992.

O caso venezuelano "reforça um processo na socialdemocracia internacional, que não quis enfrentar o debate sobre o que significa no mundo atual esse programa que se torna mais plural", comentou o sociólogo Tulio Hernández.

Na esteira dos socialdemocratas e das esquerdas, colocou-se "a radicalização do governo de Chávez, que rompeu o mapa político tradicional e divide opiniões", completou.

Segundo Hernández, os novos movimentos venezuelanos que tendem para a socialdemocracia, como Um Novo Tempo, do ex-candidato presidencial Manuel Rosales, não querem ser chamados assim, "porque o termo se tornou negativo".

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