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O Irã vai abandonar o plano de enviar parte do seu estoque de urânio para o exterior se os EUA impuserem novas sanções, disse o presidente da Câmara neste domingo.

O Irã deve notificar a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) na segunda feira sobre um acordo firmado na semana passada com o Brasil e a Turquia. O país esperava, com o acordo, evitar novas sanções da ONU pedidas pelo Ocidente para pressionar Teerã por suas atividades nucleares.

Mas o presidente da Câmara, Ali Larijani, um conservador muito influente e ex-negociador nuclear do Irã, disse que a determinação de Washington de impor sanções pode acabar levando Teerã a rever sua cooperação com a agência nuclear da ONU.

"Se os americanos querem procurar a aventura, seja no Conselho de Segurança da ONU ou no Congresso, todos os esforços da Turquia e do Brasil terão sido em vão e esse caminho será abandonado," ele disse em comentários transmitidos pela rede estatal IRIB.

"Nessa situação, o Parlamento tomará uma decisão diferente em relação à cooperação com a AIEA."

Poucas horas após os líderes do Irã, Brasil e Turquia celebrarem o acordo na semana passada, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, anunciou que cinco representantes do Conselho de Segurança da ONU haviam concordado em criar uma resolução de novas sanções.

O presidente Mahmoud Ahmadinejad disse ao seu gabinete que o Conselho de Segurança "não teria mais nenhuma credibilidade" se as sanções fossem aprovadas.

"Estamos acompanhando de perto a evolução global, mas vamos fazer os inimigos desejar causar o menor dano à nação iraniana," ele disse na transmissão da TV IRIB.

"Eles serão os perdedores, independente de lançarem uma resolução (de sanção) ou não."

O acordo de Teerã tinha diversos elementos de um acordo de troca de combustível nuclear intermediado pela AIEA em outubro do ano passado, em conversações envolvendo o Irã, a França, a Rússia e os EUA mas que foi logo desfeito por causa dos pedidos de emendas feitas pelo Irã.

Naquele acordo, que precisa ser aceito pela AIEA, o Irã mandaria 1.200 quilos de urânio enriquecido (LEU) -- um potencial combustível para uma bomba nuclear -- para a Turquia em troca de barras de combustível para manter em funcionamento um reator nuclear para pesquisas médicas.

Mas os críticos do Ocidente dizem que isso ainda deixaria o Irã com combustível suficiente para fazer uma bomba, já que ele estocou mais urânio desde que a idéia foi inicialmente aceita, no ano passado.

A agencia oficial de notícias IRNA divulgou inicialmente que o Irã já havia entregue os detalhes do acordo para a IAEA, mas o enviado do Irã disse à Reuters que isso aconteceria na segunda-feira.

O Irã expressou preocupação ao apoio dos membros permanentes do Conselho de Segurança às sanções -- especialmente a posição da China e da Rússia, que ele esperava que resistissem à pressão da ONU sobre o assunto devido aos seus próprios interesses econômicos e estratégicos.

"Em alguns casos, a explicação do comportamento da Rússia é difícil de ser entendida pelos iranianos. Não sabemos como interpretar a posição da Rússia a nosso respeito," Ahmadinejad disse aos repórteres durante uma reunião de gabinete.

"Esperamos que o país amigo e vizinho nos defenda com firmeza e honre a declaração de Teerã e não aceite pretextos que obstruam uma interação positiva," ele disse, de acordo com a agência de notícias Fars.

O líder da oposição, Mirhossein Mousavi, que perdeu as eleições presidenciais para Ahmadinejad em junho do amo passado, culpou o governo de provocar as sanções que, ele disse, prejudicarão o cidadão iraniano comum.

"Apesar de pensarmos que essa situação surgiu por causa da falta de tato e da política externa aventureira, somos contra ela, porque ela afetará a vida das pessoas," disse Mousavi, em comentários publicados nos seu site Kaleme.

As potências ocidentais temem que o Irã esteja tentando produzir secretamente armas nucleares, mas Teerã nega isso e diz que está apenas enriquecendo urânio para produzir combustível para suas usinas nucleares.

As sanções novas e ampliadas teriam como alvo bancos iranianos e uma exigência de inspeção de navios suspeitos de transportar cargas relacionadas ao programa nuclear e ao de mísseis iraniano.

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