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Zarif e Kerry: acordo após três décadas de estranhamento | Denis Balibouse/Reuters
Zarif e Kerry: acordo após três décadas de estranhamento| Foto: Denis Balibouse/Reuters

Repercussão

Como o acordo foi recebido pelo mundo:

Rússia

O presidente Vladimir Putin afirmou que o acordo é um avanço, mas alertou que é apenas o primeiro passo em um longo processo. "Um passo foi dado, mas apenas o primeiro em um longo e difícil caminho", disse em comunicado.

França

Para o presidente François Hollande, o acordo foi o primeiro passo em direção à normalização das relações entre Paris e Teerã. "A França continuará se empenhando para chegar a um acordo final sobre essa questão", diz nota do governo.

Síria

A Síria saudou o acordo como prova de que negociações, e não ações militares, são a melhor forma de resolver crises. Para o regime, o acordo "garante os interesses do fraterno povo iraniano e reconhece seu direito ao uso pacífico de energia nuclear".

Canadá

O ministro das Relações Exteriores, John Baird, afirmou que está "profundamente cético" sobre o acordo e disse que o Canadá vai manter as sanções ao governo iraniano. Para ele, o Irã "não ganhou o direito de ter o benefício da dúvida".

Brasil

O governo recebeu com "satisfação" o acordo. "O governo brasileiro espera que a implementação do entendimento fomente a confiança necessária para a consecução de um acordo amplo e durável em torno da matéria", assinalou o Ministério das Relações Exteriores.

"Esse acordo torna o mundo mais seguro. Simplificando, eles [os países que costuraram o acordo] cortaram os caminhos mais prováveis do Irã para uma bomba."

Barack Obama, presidente dos EUA.

"Hoje o mundo se tornou um lugar muito mais perigoso, pois o regime mais perigoso do mundo tomou um passo importante na direção de obter a arma mais perigosa do mundo."

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel.

O Irã e cinco potências firmaram ontem um acordo que abre caminho para pôr fim a uma década de impasse sobre o programa nuclear do país. Mesmo sendo preliminar, o pacto é considerado histórico.

Assinado em Genebra entre Irã e o chamado Grupo 5+1 (EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China) após quatro dias de negociações, o acordo é visto como etapa inicial num processo para restaurar a confiança até um acordo definitivo. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que o acordo é um "sucesso" capaz de "servir de base para outras medidas cautelosas."

As partes concordaram em testar, pelos próximos seis meses, um esforço para conciliar a ambição iraniana de prosseguir um programa nuclear pretensamente destinado a fins pacíficos com garantias exigidas pelas potências para impedir Teerã de desenvolver um arsenal atômico.

O Irã se comprometeu a suspender planos de lançar novas centrífugas e a limitar o grau de enriquecimento de urânio ao teto de 5%, nível que permite gerar energia. O estoque do urânio a 20% nas mãos do Irã, que poderia ser usado na eventual busca por um arsenal, deverá ser eliminado.

Em troca, as potências deverão aliviar gradualmente as sanções ao Irã. Na primeira fase, deverão permitir que Teerã mantenha seu nível atual de venda de petróleo, já reduzido pela metade desde 2012. O Irã também poderá receber cerca de US$ 6 bilhões congelados em bancos no exterior, retomar transações envolvendo pagamento em ouro e voltar aos circuitos de abastecimento para sua indústria automobilística.

Fragilidades

Um ponto frágil do plano é a promessa das potências de não implementar novas sanções. O Congresso americano deixou claro que não pretende frear a atual tramitação de novas punições. Pelo lado iraniano, deputados exigiram que o acordo seja submetido ao Parlamento, onde ultraconservadores poderiam tentar derrubá-lo.

Acordo foi um "erro histórico", afirma Israel

O acordo interino estabelecido entre potências internacionais e o Irã foi recebido em Israel como um desastre diplomático e estratégico. Em reunião de gabinete, Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, afirmou que "o que foi decidido em Genebra não foi um acordo histórico, mas um erro histórico".

Israel vinha, nas últimas semanas, pressionando os aliados para que não aliviassem as sanções contra o Irã. O governo de Netanyahu isolou-se a respeito dessa questão, aproximando-se de potências regionais como a Arábia Saudita e afastando-se da Europa, em severo desgaste diplomático.

"Hoje o mundo se tornou um lugar muito mais perigoso, pois o regime mais perigoso do mundo tomou um passo importante na direção de obter a arma mais perigosa do mundo", disse o premiê, referindo-se à suposta intenção bélica do Irã de desenvolver um arsenal nuclear.

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