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O Irã prometeu nesta quinta-feira que não vai se curvar diante da pressão ocidental, horas antes da divulgação de um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), que deve dizer que Teerã desrespeitou o prazo para interromper os trabalhos nucleares.

- O Ocidente deveria saber que a nação iraniana não vai ceder à pressão e não vai aceitar violações dos seus direitos - disse o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, em discurso transmitido pela televisão.

O Irã disse que tem direito de enriquecer combustível nuclear, que nunca vai abandonar seu programa e que pretende, com ele, produzir apenas energia para fins pacíficos. O Ocidente suspeita que a República Islâmica tenha um projeto secreto de armas e o Conselho de Segurança da ONU ordenou que ela suspenda os trabalhos.

- Potências arrogantes querem parar o progresso da nossa nação. Estou dizendo que estão erradas - disse Ahmadinejad.

Washington afirma que as potências mundiais vão começar a debater medidas punitivas contra o Irã na próxima semana caso a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) reporte, como é esperado, que Teerã ignorou a exigência da ONU de parar de enriquecer urânio até 31 de agosto.

Com o fim do prazo, o Irã lançou uma das bases do projeto, uma usina de produção de água pesada, e continuou com o enriquecimento de urânio, apesar das quantidades pequenas, insignificantes, na centrífuga de Natanz, disseram diplomatas.

Mas o Irã, em resposta dada no dia 22 de agosto à oferta de seis potências mundiais de incentivos comerciais em troca do fim do enriquecimento de urânio, sugeriu que está aberto a negociações sobre o programa. Isso levou alguns aliados dos EUA na União Européia (UE) a pedirem negociações com Teerã em vez de recorrer a sanções no Conselho, disseram diplomatas ocidentais.

- Isso serve para ganhar mais tempo e adiar as sanções - disse um diplomata, refletindo a preferência da UE por um acordo com o Irã, em vez de isolar o país, que é um dos maiores fornecedores de petróleo do Ocidente.

Em possível aceno à UE, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Sean McCormack, disse que mesmo após o início dos debates sobre sanções, o Irã poderá optar pela suspensão do processamento de urânio e ampliar, assim, as negociações para implementar o pacote de incentivos.

O porta-voz de Javier Solana, chefe da política exterior da UE, disse que ele pode conversar por telefone com o negociador iraniano, Ali Larijani, antes do final do prazo, e que depois pode haver um encontro para tentar esclarecer a resposta iraniana.

- O Irã tem a capacidade necessária para lidar com qualquer desafio criado pelas sanções - disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hamid Reza Asefi, segundo a televisão estatal iraniana.

- Nos últimos 27 anos, o Irã esteve sob sanções não declaradas - acrescentou, em referência ao embargo dos EUA que não impediu Teerã de lançar um programa nuclear. "O país sabe como se livrar da pressão".

O Conselho de Segurança pediu para Mohamed ElBaradei, chefe da AIEA, anunciar em 31 de agosto se o Irã cumpriu o prazo estabelecido na resolução de 31 de julho.

As preocupações sobre as intenções do Irã são incentivadas pelo passado do país em esconder trabalhos nucleares por 18 anos, por não cooperar totalmente com as investigações da AIEA e pelos pedidos de destruição de Israel, dizem autoridades ocidentais.

ElBaradei pode declarar que o Irã atrapalhou as investigações da agência sobre a natureza de sua atividade nuclear, o que paralisou os trabalhos, disse um diplomata sênior próximo da agência.

O Irã está retendo as respostas às perguntas da AIEA como moeda de barganha para negociações com as grandes potências, dizem diplomatas.

Moscou e Pequim, que tendem a proteger seus grandes contratos de energia com Teerã e que não vêem ameaça iminente no programa nuclear do país islâmico, pediram o retorno da diplomacia depois da resposta do Irã ao pacote de incentivos.

Um diplomata da UE disse que o Irã tem um interesse claro em marcar uma reunião com a UE depois de 31 de agosto para escapar do prazo da ONU, levar os europeus a negociações sobre negociações e atrasar debates sobre ação punitiva.

Os militares dos EUA estimam que o Irã poderá ter os meios para produzir uma bomba nuclear dentro de 5 a 8 anos, o que dá tempo para o governo Bush considerar se realizará ataques aéreos para acabar com o programa, disse o jornal "Washington Times".

Os principais aliados de Washington são contra a ação militar, temendo que ela provoque mais tensão no Oriente Médio e não consiga destruir a capacidade nuclear do Irã. As instalações atômicas do Irã estão espalhadas pelo país e têm forte defesa.

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