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A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) encerrou sua mais recente missão ao Irã sem um acordo que permitisse a visita de seus inspetores a instalações militares do país, num fato que deve aumentar o risco de confronto com o Ocidente.

Em tom desafiador, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que as políticas nucleares do país serão mantidas, apesar da crescente pressão internacional. "Com a ajuda de Deus, e sem prestar atenção à propaganda, o rumo nuclear do Irã se manterá firme e seriamente", disse Khamenei à TV estatal.

"Pressões, sanções e assassinatos não irão frutificar. Nenhum obstáculo poderá impedir o trabalho nuclear do Irã."

Os EUA e outros governos ocidentais acusam o Irã de tentar desenvolver armas nucleares, o que a República Islâmica nega, alegando que seu programa atômico se destina apenas a gerar eletricidade para fins civis.

A delegação da AIEA que esteve em Teerã esperava visitar uma instalação em Parchin, a sudeste do Irã, onde a agência acredita que haja uma câmara de contenção para o teste de explosivos. Segundo a AIEA, o governo iraniano "não concedeu permissão" para a visita.

O fracasso da visita de dois dias da AIEA ao Irã pode prejudicar a retomada de um processo mais amplo de negociações, envolvendo seis potências mundiais - EUA, China, Rússia, Grã-Bretanha, França e Alemanha.

Em Washington, o porta-voz governamental Jay Carney disse que os EUA continuam avaliando as intenções iranianas depois da carta enviada na semana passada por Teerã à União Europeia com um aceno de retomada das negociações.

"Essa ação em particular do Irã sugere que eles não alteraram seu comportamento quando se trata de cumprir suas obrigações internacionais", disse Carney, manifestando a frustração dos EUA com o fracasso da missão da AIEA.

O Irã enfrenta diversas sanções internacionais por sua recusa em abrir mão do programa nuclear, e cidadãos comuns já enfrentam dificuldades por causa da disparada dos preços e da desvalorização da moeda local, em consequência do isolamento internacional.

Além disso, vários cientistas nucleares iranianos foram mortos nos últimos dois anos em atentados que Teerã atribuiu ao seu arqui-inimigo Israel.

Em resposta a isso, a República Islâmica tem feito declarações reafirmando seu direito à autodefesa e ameaçando bloquear o estreito de Ormuz, única entrada do golfo Pérsico, que é parte de uma rota marítima crucial para o comércio internacional de petróleo.

Analistas dizem que o Irã não dá nenhum sinal de estar disposto a fazer concessões ao Ocidente, e políticos leais a Khamenei - um implacável inimigo dos EUA - são favoritos na eleição parlamentar de 2 de março, num sinal de que tão cedo Teerã não deve alterar sua posição.

Os EUA e Israel não descartam uma ação militar contra o programa nuclear iraniano caso considerem que a diplomacia e as sanções são insuficientes para pressionar o Irã.

Em Jerusalém, o chanceler israelense, Avigdor Lieberman, rejeitou os apelos de potências internacionais contra uma ação militar preventiva. "Com o devido respeito que tenho pelos Estados Unidos e a Rússia, isso não é da conta deles. A segurança de Israel e seus residentes, o seu futuro, são responsabilidade do governo de Israel", afirmou.

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