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O Irã disse, nesta segunda-feira, que não se deixará ameaçar pelos Estados Unidos de modo a parar o seu programa de enriquecimento de urânio, mas que vai cooperar com a agência nuclear da ONU, que tem até 30 de abril para apresentar um relatório sobre as atividades nucleares da República Islâmica.

- Acho que a era das ameaças e intimidações acabou. De qualquer forma, tais comentários não frutificarão - disse o secretário do Conselho Supremo da Segurança Nacional do Irã, Ali Larijani, referindo-se ao comentário feito na semana passada pela secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, que sugeriu o uso da força contra o país islâmico. - Sempre demonstramos nossa disposição em permitir que inspetores da ONU venham ao Irã e visitem nossas instalações nucleares. Se ainda houver questões ou ambiguidades a serem respondidas, elas devem ser respondidas - afirmou.

Os EUA criticaram o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, por dizer que Teerã está fazendo pesquisas com uma centrífuga P-2, capaz de enriquecer urânio rapidamente.

- As atividades não-reveladas com as centrífugas P-2 seriam mais uma violação das obrigações de salvaguarda do Irã (perante os tratados internacionais), além das que já foram identificadas pela direção (da AIEA) - disse Scott McClellan, porta-voz da Casa Branca, a jornalistas em Washington. - Tais violações e falhas do regime em cumprir com suas obrigações internacionais vão contra as afirmações do regime de que seu programa nuclear é somente para propósitos pacíficos - disse McClellan.

Um diplomata ligado à AIEA disse, sob anonimato, que "o status obscuro do trabalho do Irã com a P-2 é uma ferida aberta nas investigações da AIEA".

- A centrífuga P-1 (mais lenta) que eles estavam operando é considerada geralmente um equipamento obsoleto, pouco confiável. A P-2, em comparação, é um modelo supermelhorado, que iria ampliar de forma equivalente a produção (de urânio enriquecido) - disse o funcionário.

Os vizinhos árabes do Irã também se queixam do programa nuclear, temendo serem os mais afetados em caso de problemas - seja um vazamento nuclear ou um bombardeio americano contra as instalações atômicas.

Em visita ao Kuweit, o influente ex-presidente iraniano Akbar Hashemi Rafsanjani disse não acreditar em um ataque americano ao seu país.

- O mal atingiria não só a República Islâmica do Irã como a região e todo mundo - afirmou.

O impasse elevou a cotação do petróleo no mercado mundial a 70 dólares por barril, o maior valor em quase oito meses.

Em declaração feita no final de março, o Conselho de Segurança da ONU exigiu que o Irã suspenda o trabalho de enriquecimento de urânio e pediu à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que informe sobre o comportamento iraniano em 30 dias.

Após três anos de investigações, a AIEA diz ser impossível definir se o programa nuclear iraniano é inteiramente pacífico, embora não haja provas do desenvolvimento de bombas atômicas.

O diretor da AIEA, Mohammed El Baradei, esteve na semana passada em Teerã, e fontes da agência disseram que seus inspetores visitarão o Irã nesta semana.

Na terça-feira, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - EUA, Grã-Bretanha, França, Rússia e China -, mais a Alemanha, se reúnem em Moscou para discutir o caso iraniano.

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